O sonho da real demência
Escrevo o que é real, de fato?
Não sei se é real, exatamente
Ou se é fantasia mais demente
Da maior demência, sem formato.
Se digo, se duvido, do que escrevo,
Não que seja a farsa mais imunda
Mas quando escrevo minh'alma inunda
E toca no meu peito onde mais devo.
Então a alma expressa o seu pranto
Em seu cantar - palavras, a latência
De quem mais acredita na demência
Do que na realidade, no seu canto.
Se ligo se é fato, ou se é demência
Chorar por quê, se o sonho é descabido
E o que escrevo então fica incubido
De libertar de mim, maior essência.