Refúgio
Existe uma xícara de chá diante de mim.
O vapor do chá sobe lento como minha espera e me invadem com aromas que me lembram você.
A xícara é branca e de porcelana, tem contornos com motivos florais, está sob o pires do mesmo conjunto.
Olho envolta da xícara, uma toalha de mesa florida com desenhos de rosas minúsculas decora a mesa.
Um pequeno jarro com galhos secos sob a mesa dá uma sensação de aconchego.
Um açucareiro de porcelana também está ao lado. Vejo uma harmonia pensada nesse cenário. Alguém quis provocar esta sensação em quem sentasse aqui.
Tudo parece que foi cuidadosamente desenhado para provocar bem estar.
De repente uma formiguinha de açúcar corre em disparada atravessando a mesa, acho graça da velocidade da pequenina. Antes de beber contemplo a xícara no ar.
Sinto o cheiro de cravo com hortelã e minha boca saliva. Suavemente bebo um gole de expectativa.
Sinto cada gosto se apossando do meu paladar e isso me ajuda esperar.
Olho para o relógio e mesmo desejando que o tempo se arraste, ele o tempo já se foi.
Passou e nada fiz exceto contemplar a xícara na mesa em vão.
Já não existe chá e posso me perder e me achar no fundo vazio da xícara pois você não virá.