O reencontro

A infância norteia o caminho que preconiza um pequeno ser, uma pequena criança que tem tudo para se desenvolver com as diversas formas de curiosidade existentes, mas nem sempre é como deveria, assim firmo o inicio deste fato que de tão verdadeiro faz parte do relato misturando a volta para o lugar que o escritor viveu durante 22 anos de vida, só que este retorno se deu com um único propósito, trocar ou confrontar conhecimentos com alunos diferentes, envolventes na forma de transpirar amizade e, na grande maioria, bebedores de conhecimentos a desbravar neste mercado de trabalho que clama por profissionais melhores qualificados.

A verdadeira sentença do pensamento foi sair do lugar que me fiz como gente para alcançar uma terra pertinho deste pequeno fragmento de espaço que se chama Pirambu, este lugar é logo ali, chama Metrópole, não uma cidade grande e sim uma Nova Metrópole como nome de um bairro na cidade vizinha chamada Caucaia. A mudança se deu pela pequena junção de pouco dinheiro que havia firmado antes de casar, ates de dizer sim ao matrimônio, após balançar a cabeça para este diferente evento que muda a vida para sempre e sempre pensei nessa minha terra que fecundou em mim a esperança de deixar como herança o pouco que sei.

A única coisa que posso afirmar é que esse reencontro foi puro acaso, um acerto de contas que meu sonho tinha botoado a blusa da vontade e depois que minha idéia já havia se transformado, veio então o convite para ministrar aulas de rotinas administrativas no lugar que me viu crescer, não sabia ainda onde seria o endereço que segaria qualquer palavra contrária a minha ida a esse ideal. No primeiro contato com a secretária da Entidade chamada FETRACE pôde-se saber que se tratava de um espaço bem pertinho do berço que alimentou meu sonho durante muito tempo, o lugar era o Emaus, agora recém formado Pirambu Digital e, mais recém ainda, incorporado ao CEFET.

As águas dos rios nunca são as mesmas, então jamais deixaria passar essa oportunidade por entre meus dedos, esses mesmos dedos que no dia 2 de fevereiro de 2009 começou a dedilhar o teclado que fraturava palavras no quadro de luz brilhante e ao mesmo tempo tentava argumentar para os primeiros alunos o que iríamos estudar e quais eram os primeiros métodos metodológicos de ensino.

O desafio se firmou ao saber que uma professora já passara por aquele recanto de ensino, já havia provado da experiência com as mentes que logo mais seriam minhas parceiras e parceiros de um saboroso momento, saciei minha primeira impressão quando no leito da imaginação pude entender que essa era hora de colaborar, de aprender, de desenvolver minha intenção para com as turmas, tarde e noite, que até então, só fintava em minha cabeça a ignição do primeiro contato.

A chegada foi singular, por entre as vidraças da sala meus olhos faiscaram ao encontro do apresentar sem ninguém a orquestrar minha chegada, fiz força e dizimei minha ansiedade, tímido que sou, foi forte o nervosismo, não para dar aulas e sim pela volta ao lugar de antes, espaço que me criou, sem explicação a florescer minhas veias pularam forte e meu coração vibrou.

O tempo se fez mensageiro, nos braços do vento vieram os contatos da Entidade organizadora do projeto, firmo a palavra e espero a chegada. O enfoque foi legal, Sírlei o nome da moça mulher colaboradora do espaço administrativo da FETRACE e ao seu lado o jovem senhor Valdecir organizador da mesma Entidade, refletiu sobre os propósitos do curso e a grande importância dos alunos para essa nova realidade de inclusão social.

O pensamento foi eloqüente ao dizer sobre a grandiosidade do bairro e não só isso, também relatou que o objetivo maior era trazer dignidade para o conhecimento dos recém alunos do curso “Auxiliar administrativo com informática”. A minha visão foi de satisfação, sentimento verdadeiro por existir um projeto tão forte, tão encorpado de diferenciais nesta pequena terra cheia de talentos a ser esculpidos.

O entusiasmo é tão solene que aos poucos começo a reconhecer pessoas que fizeram parte do meu passado e agora são sedimentados no meu presente, pura ironia do destino, nem pensava que nessa ralada estaria com um amigo, uma pessoa da infância estudante parceiro de vários anos e agora ficamos em lugares contrários e antes estávamos lado-a-lado, numa sala de aula esperando o tempo dizer quem seriamos nós no futuro. Quase esqueci de dizer o nome desse nobre senhor, Wagner, o inspirador das noites e animador dos finais de semana com seu som e música.

A noite também veio a sua senhora, nem poderia falar no sentido de idade, apenas senhora pelo alarde de ser musa e esposa do jovem músico que acabei de falar. Pessoas importantes que conduziram esse escritor a palestrar com minha inspiração e aqui estou a argumentar pedaços desse curso que se encerra hoje, dia 20 de março de 2009.

Ao iniciar as aulas eu tinha um pensamento em mente, botei para funcionar o primeiro planejamento que ilustrei. Slides foram muito usados para compactar as aulas, mas foram fortemente desenvolvidos com a interpretação do professor somado a figuras geométricas que chamam atenção e brilhou na porta da imaginação a diferença que deve existir na configuração das aulas para que se fizessem atrativas e chamativas.

A experiência de ter trabalhado em projeto social me deu total liberdade e difusão de se olhar abstratamente para o sentimento dos alunos, pois foi assim que tentei, assim que divulguei a necessidade do aprender com a emoção, a sensibilidade de rasgar espaços de outrora e no leito da hora focar no meio das córneas os vídeos que emocionaram e que arrancaram um pouco da atenção, sendo essa a intenção quebrar a aula com algo diferente, apaziguar a mente que se cansa, acalmar as falas vagas que se amontoavam e tiravam minha inquietude.

As idéias não paravam de chagar, no meu pequeno acervo de livros tenho alguns em especial que falam da emoção, ou melhor, de como conduzir nossas emoções para vivermos melhor. Mais uma forma de dinamizar o espaço de aula aconteceu, aflorou um instante de leitura saborosa e apetitosa para diferenciar este curso e mostrar que devemos ser amigos da diferença, que devemos aceitar o novo, porém, quem não tem amizade com a novidade está com os pés fora do alcance do mercado de trabalho e muito próximo da ilusão.

E assim foram se passando os dias, fiz uma colocação de mais uma diferenciação, argumentei ser importante confrontarmos a nossa realidade com algumas realidades relatadas em filmes estratégicos, aceito de imediato, desde o primeiro dia convoquei os alunos a darem auxilio de melhoria para nosso curso, idéias eram bem vindas e seriam pensadas e delineadas para nosso patamar. Acredito que alguns pensaram que apenas iam assistir ao filme, e pronto, acabou a aula, vamos todos embora. Não era essa a intenção e nem foi, logo após o término do filme tivemos aula com a mais pura interpretação confrontada ao contexto que estávamos a passar e a entender no curso.

Peço licença para voltar um pouco ao pensamento anterior, de inicio falei sobre o casal que reencontrei, mas também encontrei pessoas que não faziam parte do meu rol de amizades, por sua vez, são irmãs de um amigo que fez parceria comigo desde o jardim até o ensino médio, o nome do rapaz é Assis, irmão das moças, Arlene e Luciene, agora alunas do curso, quantas coincidências aconteceram e lavara minha alma a refletir todos os dias sobre a melhor forma de trazer coisa nova, sobre o melhor jeito de transformar o conteúdo que estava na apostila com o formato mais simples de entender rotinas administrativas.

Os dias foram passando e começamos a fazer as primeiras formas de avaliar, trabalho de equipe foi o que veio em mente, foram distribuídos temas diferentes e sorteados para pessoas que já haviam formado grupos de estudos, também separados pelo professor, não na forma de apontar com quem cada um deveria ficar e sim deixei a sorte calibrar o caminho de cada participante sorteado, cada aluno para cada equipe.

O resultado foi o melhor possível, foi expressivo e dinâmico, com um pouco de retraimento por parte de alguns, pela simples razão de ser o primeiro exercício de prática no formato de construção coletiva e apresentação também com o intuito de estabelecer o método seminário de apresentar. Muitas lições foram aprimoradas e construídas logo no primeiro contato, logo na primeira dosagem de criatividade tão falada e argumentada por este professor.

O tempo passou-se muito rápido, foi como as gotas d’água que caem da nascente e chega com muita rapidez ao seu caminho estreitado pelo solo a procura de um acumulo para somar e virar mar de água doce. Da mesma forma deve ser o conhecimento quando caem nos olhares e pensamentos devem procurar um rumo, um caminho coeso e fecundado na dimensão maior, no soletrar do desenvolvimento, lindos pedaços de momentos que me fizeram repensar muitas coisas, que me fizeram ter a paciência na dosagem correta, no ponto certo, por saber que estamos dentro de um seleto dinamismo de inclusão social.

A felicidade é minha parceira, minha melhor estradeira e anfitriã das madrugadas de testemunho, de olhos regalados a fazer dezenas de apresentações para inovar o novo dia, para fatiar os diversos assuntos que nos conduziram a objetivos ambiciosos de fazer aulas com padrão de universidade, por saber que a capacidade está em cada pensamento, por entender que cada um é dono de uma inesgotável força de vontade, seja ela de abraçar o novo ou rejeitar a inovação.

As diferenças são reais e devem ser ilustradas na configuração dos pormenores, na fragmentação dos direcionamentos e vivências polarizadas nas diversas formas de entender a cultura, bem entendida como conjunto de normas e crenças de uma organização ou lugar, forma de falar, forma de agir e de sentir, de se comunicar e tantas outras coisas que fazem parte de um bairro, cidade, estado e/ou país.

Pena que chegou ao fim de uma relação de pouco tempo, mas está a chegar à outra relação de muito tempo, se fosse filho dos acontecimentos pediria a sensibilidade das estrelas para iluminar a nossa mente a guiar-nos para lugares bem férteis de esperança e de oportunidades, acalmem-se quem estiver pensando que estou a falar que devem sair de seus lares, não se trata dessa fala que estou a dialogar, palestro sobre o crescimento que cada um pode colocar nas costas e vencer, ir além dos próprios interesses, até chegar ao inimaginável patamar do sonho distante e agora alcançado.

Aqui, diante deste belo momento de pensamento estreito a dimensão de satisfação enquanto facilitador, professor e qualquer que seja o nome cedido a alguém que almeja o desenvolvimento mútuo, na certeza de encontrar a felicidade em cada minuto e segundo de pura alegria por fazer o que realmente regozija a alma, por saber que não é em vão as palavras emprestadas pelos livros e repassadas aos maestros de uma só canção, aprender.

Até as poucas tristezas me fizeram crescer, até os poucos instantes de inconstância me mostraram que a verdade não é encontrar apenas o desejável, felicidade é entender que sempre vai ter conflito, muito ou pouco, aqui ou ali, ás vezes ou sempre, situações que não podemos fugir e nem devemos confrontar com ignorância, já que a essência de alguma imaturidade é a pouca idade, mas isso não faz meu gostar diminuir, não deixa o ator do palco da sala de aula diminuir a vontade de abraçar aqueles que em alguns minutos arranharam minha humilde calma, aí que está à diferença; um dia fui rebatedor; fui refletor de qualquer palavra que viesse sem argumento, no entanto, já depois dos trinta anos tenho a destreza de escrever o que vou fazer e rabiscar algumas palavras dos atos que fiz.

A lógica se fez presente mais uma vez, aqueles que encararam como objetivo o maior aprendizado não ficaram com fome, nenhum minuto deixaram sua sede de aprender ou desaprender as coisas pequenas e sem relevância para colocar no intimo a transformação de empreendedores do novo e da criatividade, a inovação fez presente em vários instantes, não estou falando do professor, estou a falar de alunos criativos e inovadores que pluralizam pequenas idéias em ação, reflexo do conjunto ou equipe, equiparando os conhecimentos em idéia central para logo mais raiar mercado de trabalho a fora na tão sonhada oportunidade ou aumento vertical da posição em que ocupa.

Um momento de riso se aproxima, queridas alunas e amigas juntaram-se e presentearam o professor com peças íntimas, na hora da vez a senhora Arlene ou simplesmente você, me trouxe um short de dormir, feliz fiquei e um pouco mais feliz estreitei meus olhos quando veio a outra parte do presente, a jovem Daiane humildemente cedeu duas calcinhas, não para o professor evidentemente, e sim, para a esposa do mesmo que, meio sem entender, acabou aceitando e gostando da lembrança.

Diversos fatos maravilhosos transformaram nossos dias e agora nas ultimas linhas, pensadas e alinhadas a este ultimo momento do curso, ainda veio um rastro de lágrima caindo no recanto dos meus olhos por viver e retornar todos os momentos vividos na incumbência de professor e amigo de muitos que estão no coração e, na humilde presença de escritor, falo da minha sensibilização em observar a confraternização particular das turmas, imaginado que ia ser simples, mas de simples apenas tinha o professor, muito honroso e sensibilizado na dimensão maior de um pequeno instante que fez tanta diferença na observação intuitiva e interpretativa do Zukerlânio que deseja a todos vocês: alunos, amigos, convidados e parceiros muita paz no coração. A minha essência está flutuante de emoção por ter feito parte de um movimento tão importante em nome dessa terra que tem vez e tem hora, em qualquer lugar e em qualquer instante no ceio do PIRAMBU.

ZUKER
Enviado por ZUKER em 22/03/2009
Código do texto: T1500256
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.