A Arte do Palhaço Fétido

Mordendo os lábios ainda adocicados de mentira...

Fechou os olhos diante do público

E ensurdeceu diante dos aplausos levianos.

Ainda ajustando o nariz vermelho, sorriu e sorriu e sorriu...

A platéia estava em frenesi,

Bravo, bravo!

Cheio de brilhos e tintas...

O picadeiro reluzia a cada cambalhota.

Aplausos, o palhaço ria.

Ao fim do espetáculo, apagam-se as luzes... o sorriso esboçado é desmanchado...

O pobre bobo está só,

E o palhaço soluça... grita, rasga-se.

Não tem mais público, nem aplausos, nem pintura... nem sorriso.

E chora o bobo, o estúpido bobo.

Dormiu impunemente debruçado em sua tristeza.

Acode, acode... raiou o dia...

Se veste, se pinta... é mais um dia de sacrilégio.

Ainda refazendo a pintura, apanha o nariz num canto qualquer e sorri.

Sorri sangrando o coração.

Abre as portas do camarim e salta às gargalhadas...

Sufoca os suspiros... alegria, alegria.

Coloridamente exala graça.

Aperta bem os olhos,

Balbuciando gratidão...

Bravo, bravo!

A Sacerdotisa
Enviado por A Sacerdotisa em 18/12/2008
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