V O A R

Abri as asas,

Lancei-me ao vento…

Não vejo solo,

Lá no alto está o meu pensamento.

Vou fugindo ao tempo,

A este mundo apático,

Inerte.

Abandono-me ao vento, sem guerras,

Sem conflitos,

Sem nada…

Quando a solidão abate, fecho os olhos e refugio-me…

Sinto o vento a percorrer-me,

Sinto um aperto no coração,

Sinto vontade de chorar,

E, as lágrimas escorregam por todo o meu ser.

Quando o desespero aperta, fecho os olhos e vagueio…

Penso em tudo e em nada,

Acabo sempre a voar,

A voar bem perto das nuvens,

Bem perto do céu.

Quando a tristeza desperta, fecho os olhos e rio-me…

Rio-me de coisas que disse ou fiz,

Do que me dizem ou disseram,

Lembro-me de piadas,

De boas recordações.

Quando me volto a sentir,

Quando volto ao meu corpo,

Volta tudo de novo.

Sinto as enormes agonias,

As inseguranças,

As tristezas,

As melancolias,

O abandono.

Tento esquecer tudo e lanço-me de novo ao vento,

Abro as minhas asas,

Sempre a sonhar, saboreio a liberdade,

Saboreio o perfume das flores,

Lanço-me…

Sem ter medo de saltar,

Sem ter medo de enfrentar,

O que eu tanto tento afugentar.

Isabel Fontes
Enviado por Isabel Fontes em 02/07/2008
Código do texto: T1061641
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