FAZER AMIGOS

O convívio é nutrido por uma constante troca. Não se pode atrair amigos sem oferecer-lhes, ao menos, simpatia. Muitas vezes Silva vê-se atraído por algo (carisma, influência, riqueza material, beleza, e outros) que o agrada em Santos, então se aproxima querendo desfrutar desse algo, do que faz sua recompensa. Todavia, na maioria das vezes, esquece de que, se quer desfrutar de algo em Santos (esse algo é propriedade de Santos), precisa oferecer-lhe também algo equivalente, que o atraia. Assim poderá estar próximo a Santos, desfrutando do algo que possui e que o atrai, sem que para tal tenha que se cansar correndo atrás dele (do Santos), se não o atrai por não lhe oferecer nada.

Este é também o princípio do mercado. Ocorre quando o comerciante oferece algo que atrai o comprador, o qual oferece pelo produto algo que atrai o comerciante, no caso, o dinheiro. No caso de Silva e Santos, para que o primeiro usufrua o algo que o agrada no outro, basta que lhe ofereça, no mínimo atenção e interesse por seus assuntos, para que também queira aproximar-se.

Logo, o segredo do sucesso é atrair, o que se pode fazer através da dedicação ao semelhante e não pelo exigir algo dele.

É imperativo desvencilhar-se do orgulho natural, dos conceitos preestabelecidos e pessimismo, para aprimorar-se na arte de FAZER AMIGOS e mantê-los, mesmo que contrariando o óbvio, pois o normal é esperar que as pessoas se aproximem umas das outras por mero interesse pessoal. Todavia existem pessoas que atraem muitos amigos que, não sendo irmãos, nem pais, sem ter qualquer obrigação, dedicam-se àquele que elegem como amigo com notado desinteresse pessoal? Certamente existe, na pessoa humana, uma satisfação superior ao mero satisfazer-se e tal satisfação superior está relacionada com o sentimento de igualdade, porém, muitas vezes não o valorizamos comumente por não possuirmos disposição intelectual para visualizar suas vantagens.

Verdadeiramente, o satisfazer ao outro resulta em satisfação pessoal muito maior, tanto a curto como em longo prazo, entretanto, não pré-visualizamos tais resultados, porque somos extremamente eufóricos – temerosos de não alcançarmos os objetivos egoístas, que é nossa satisfação pessoal. Já o Dr. Victor Frankel, fundador da Terceira Escola Vienense de Psicoterapia, ensina no livro Em Busca do Sentido – Editora Vozes, que tudo o que tememos, é justamente o que atraímos. Ele instrui seus pacientes a encontrarem um SENTIDO maior do que o bem pessoal, pelo que afastam o temor do fracasso em relação a sua própria satisfação, pois ela já não é a prioridade. Esquecendo-a e dedicando-se a proporcionar a satisfação alheia, eles realizam sua satisfação pessoal com êxito maior, pois recebem de retorno a alegria do outro, o que os estimula. Isto é o oposto de imaginar muitos trabalhando em prol do nosso lucro egoísta, sem perceberem qualquer resultado positivo para si e seus familiares. Está acima da idéia de que tudo que se faz requer remuneração equivalente e imediata, pois nem toda satisfação equivale a dinheiro ou bens materiais. Embora muitos funcionários meramente cumpram, de má vontade, o compromisso diário, outros tantos encararão o trabalho como um mutirão, dedicando daí maior esforço à causa, se perceberem que juntamente com os colegas laboram em prol do bem comum.

Wilson do Amaral