ENTRE A PAIXÃO E O AMOR
Eis a diferença entre a paixão e o amor: Este é intencional, pensado, aquilatado, provado e solidificado. Dá-se por alguém a quem se conhece e confia. Já, a paixão é inevitável, pois origina-se nos impulsos, podendo acometer qualquer pessoa de súbito e o fato de o indivíduo não demonstrar, nem confessar a fraqueza não significa que esteve imune. Honesto com sigo mesmo é quem admite suas fraquezas e prepara-se para vencê-las.
Como a paixão é inevitável, ao apaixonar-se por terceira pessoa estando-se num compromisso estável como o namoro, o noivado ou casamento, a paixão faz-se a grande oportunidade para encarar a verdade e testar o amor pela pessoa com quem já se estabeleceu relação estável. Com alguém que se ama tem-se disposição racional, tendo clareza mental para decidir por uma coisa ou por outra coisa. Por outro lado, estando apaixonada, a pessoa torna-se instintiva, querendo de forma cega o alvo da paixão, sendo capaz de tudo para tê-lo, inclusive passar por sobre os próprios princípios e raciocínio.
Se diante da paixão o apaixonado mantiver o raciocínio, ponderando que a pessoa com quem já possui compromisso tem sentimentos, sonhos, aspirações e desejos iguais aos seus, pensando na crueldade que será provocar nela o sofre que não gostaria que lhe fizessem sofrer, – se diante disso decidir não causar-lhe tal sofrer, pois gostaria mesmo era de causar-lhe o bem e a felicidade, – se agir assim terá prova de que ama a pessoa com quem já possui compromisso e esse amor não cederá à paixão por outra pessoa, por mais domínio que tal sentimento pareça exercer-lhe. Nem mesmo se dará o direito de experimentar, pois sabe que não resistiria e estaria a desencadear um círculo vicioso sem fim de traição e mentiras.
Mas se ceder à paixão, o fará porque não tem amor pela pessoa com quem já possui relacionamento estável. Sendo assim, para o que troca um pelo outro, no primeiro instante estará tudo bem. Afinal de contas, destrói a auto estima da pessoa a quem outrora jurava amor incondicional, mas parece que no tempo atual os indivíduos são descartáveis e o que conta mesmo são os devaneios individuais, nossos impulsos e a ilusão de que sermos felizes nos submetendo a sensações avassaladoras. O outro irá sofrer, mas logo tudo terá passado e nossa consciência seguirá desculpada, mesmo que somente aos nosso olhos. Todavia, é bom saber que um precedente abre o desfiladeiro para o seguinte e o indivíduo que seguir cedendo a novas paixões estará sempre a confessar que não amava ao parceiro anterior e passará a vida desfazendo uma relação para começar a seguinte, com alguém por quem estará apaixonada na vez. E pular de um relacionamento para o outro será a vida de todo que se deixa dominar por seus impulsos.
Wilson do Amaral