Minha alma

Mesmo quando ela passa não vai a lugar algum.

Anda a esmo.

Sem esperar nada nem de mim, nem de ninguém.

Por onde quer que vá, é só desencontros, desamores e infortúnios.

O que pode querer ela da vida?

Pode querer um regato manso? Um sonho colorido, ou uma mordida no ouvido?

Sei lá, nunca me contou. Toda cheia de segredos.

Passos furtivos, escondidos sob o luar.

Passos tão leve que nem se ouvem.

Se não fosse uma ligação tão íntima...

Nunca saberia aonde ela vai.

Sai às vezes a levitar.

Pode ser lilás, pode ser rósea, às vezes até da cor do vinho.

Não tem forma, não tem gosto.

Mas tem muito querer esta minha alma!

Tem querer que não acaba mais.

Difícil é de contentar.

Quem tenta... Ai pobre rapaz...

Quando vai deixa o perfume de flores. Flores brilhantes regadas a lágrimas.

A pele amassada, o orvalho esfarelado.

Sentimento...

Não sinta saudades. Ninguém sente. Por que então o amargor nos lábios?

Quisera eu saber. Mas nem de longe, leve suspeita...

Minha alma, nunca vou entender.