Tocata

Em Pitangui, entre a terra e o céu, há o Asilo Padre Américo. Dezenas de afortunados internos, em variada gama etária e ainda maior diversidade de habilidades, vive dos mimos de uma abnegada e quase silente tripulação que os conduz na travessia. Doações - mais das vezes anônimas - vai-lhes dando alento, e lhes assegurando o sustento.

Dentro da mais perfeita ordem, aperfeiçoada por décadas e décadas de experiência, e hoje sob a graça de Irmã Regina que, do longínquo Amapá do Oiapoque veio trazendo amazônica energia e afeto à riviria. E que com sua equipe labora em total sintonia.

O primeiro dia de 2017 trouxe-lhes uma matinée musical. Bárbara ao teclado, Masashi ao violino e a surpreendente adição de um distinto e vibrante gaiteiro entre os internos, no improviso, cativaram toda a audiência possível. Até de seus quadros, passados provedores e amigos da Casa puseram sentido em toda nota emitida pelos músicos da ocasião.

Por razões óbvias, parte dos habitantes não pode estar presente na sala de recepção. Mas hão de ter ouvido de suas estações de repouso e de atendimento. E os que estiveram presentes retribuíram com palmas, olhares, encantamento àquele mágico e prolongado momento.

E até dança houve, com mais sustança do que um mero feijão com couve, que seguramente, ao Criador aprouve.

Um generoso lanche de empadas e biscoitos e refrigerantes animaram os corações e mentes para se arrematar o arrebatamento propiciado pelo encontro. Coisas dessa irriquieta menina da Abadia, Zezé, mamãe, desde que vi a luz do dia.

Doe. Não dói. E muito se constrói.

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 02/01/2017
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