A MENINA E O MONSTRO
Há dias, ela se queixava. Doía a cabeça, o estômago, o fundo do peito...doía quase tudo...até a ALMA.
A menina (hoje mulher) Flor, como a chamavam, sabia o que estava acontecendo. Era ELE voltando. O monstro que vez ou outra a atormentava. Eles se conheciam, se amavam e odiavam desde a infância (infância de ambos - porque cresceram juntos : A DOR, A FANTASIA, A ALEGRIA E A TRISTEZA DELA DAVAM VIDA À ELE).
Mas não se pode viver para sempre na companhia do monstro. A gente sabe que ele continua lá, mas num momento de decisão, decide partir e PARTÍ-LO.
Esse momento já havia acontecido. Menina Flor acreditava com todas as suas forças ter dado adeus àquele acompanhante.
Mas o adeus dela não o deixava feliz. Ele insistia em atormentá-la, em trazê-la de volta a sua CELA CONJUNTA.
Na cela, Menina Flor e Monstro dividiam tudo: os medos, os remorsos, a tortura e a vontade de usar para aliviar o sofrimento.
Menina Flor cresceu, tornou-se forte, deu cada vez menos comida ao Monstro, mas, assim como ela, a cria era insistente e teimosa. Continuava lá, dentro e ao redor dela, à espera, à espreita.
Essa semana a menina e a mulher cederam. É interessante repetir o mesmo movimento buscando resultado diferente (para alguns essa é a definição de insanidade). E foi isso o que ela fez: BEBEU, USOU E RETORNOU À CELA.
Foram dias de grito, choro, agressividade, correria, culpa e muita, MUITA VONTADE DE DESISTIR.
Agora, aos poucos ( e mais uma vez), a Flor tenta retornar à vida, ao cotidiano, a si.
Flores fortes também caem, mas RESISTEM. E não vai ser dessa vez que MONSTRO vai reinar.
Carolina Flores