QUEM SOU?

QUEM SOU?

Às vezes, não sei QUEM SOU.

Procuro-me e não me acho.

A mente borbulha de difusos ideais.

Às vezes, meu espírito entra no vácuo,

Inunda meu coração de angústia,

Entra em dolorosa desesperança.

Sinto-me como nuvem no espaço,

Não sei QUEM SOU, não me acho.

Desesperado, busco agarrar-me no vazio.

Desejo vão. Foge-me o porvir.

O mar me envolve em seu seio,

Sinto amor e dor na sua solidão,

Avassala-me indefinida angústia.

Não sei QUEM SOU, não me acho.

Às vezes, sinto-me invadido de amor,

O espírito vibra de esperança.

Julgo-me destinado a uma boa tarefa

Só que nunca encontro a senda

Que me levaria a descobrir o condão

Para alcançar o utópico objetivo.

Novamente a mente escurece,

Não sei QUEM SOU, não me acho.

Turbilhão de idéias me confunde.

A voz arqueja, halos de luz se esvaem.

Vejo-me abraçado pela atro da noite.

A aurora me desperta. Busco a vida.

Mas, não sei QUEM SOU. Não me acho.

Às vezes, me regozijo de orgulho.

A vaidade estufa dentro do peito.

Sinto-me um ser privilegiado.

Mente prenhe de criatividade,

Sigo batendo de porta em porta,

Em busca da quimera felicidade.

As portas do destino não se me abrem.

Creio-me indigno de amor e caridade.

Julgo-me uma natureza morta.

QUEM SOU? Não me acho.

A inquietude esmaga-me o peito.

Procuro angustiado o apoio da razão.

Alma indômita, procura novo caminho,

Não se deixa abater pelos dissabores.

Lembro: As rosas têm flores e espinhos,

Porém não deixam de exalar perfume.

Mas, QUEM SOU ? Não me acho.

Jesus também sentiu a dor do "fracasso"

Mas Ele, Deus, incutiu a fé no homem

Após espargir luminescente bondade

Sobre corações destituídos de amor.

Ele tudo sabe, é Rei, eu nada sei.

Sequer sei QUEM SOU. Não me acho...

Ó Deus, perdoa-me a fraqueza,

Não sou digno de ser Vosso Filho.

Falhei na vida que me presenteastes.

O peso da matéria sobre meu espírito

É doloroso fardo para tão débil criatura.

QUEM SOU? Não me acho.

Não encontro a rota do meu destino.

Vim do pó e ao pó volverei

Como inútil ser; aí seguirei outro fado

Porque na atual missão fracassei.

A única coisa que sei é que “nada sei".

QUEM SOU? Não me acho.

De repente o orgulho, a vaidade,

Abrasam-me o coração e imagino:

Se Deus uma missão me confiou,

Como Ser Onipotente e Onisciente,

É porque fui bom barro para o oleiro

Pois não sou louco, sequer demente,

Só desejo plantar uma semente,

Produzir algo que satisfaça meu ego

Legando algum "feito" à humanidade

Produzindo um Sentido à Vida.

Mas QUEM SOU? Não me acho.

Falhar na vida que Deus me deu?

Que fraqueza, que fracasso!

Seu próprio Filho exclamou:

Pai! Afaste de mim este cálice!

Perdoa-os! Eles não sabem o que fazem!

Lembro-me então das palavras de Jesus:

Bem-aventurados os pobres de espírito...

Aceito com humildade essa condição.

Deus perdoará minha vaidade.

Jesus ensinou a nos amarmos.

Sinto-me invadido pela aura do amor.

Renego o orgulho e a vaidade

E recebo Dele acolhedor abraço.

Então me achei: Sei QUEM SOU.

O filho pródigo agraciado pelo

Pai e retornando ao Lar do amor.

Iran Di Valencia
Enviado por Iran Di Valencia em 26/04/2007
Código do texto: T464343