Síndico em Crise CAPITULO 04
"Síndico em Crise"
Escrito por Sidnei Nascimento
CAPITULO 04
“Guerra de Cabelos”
Interior de uma balada agitada. A música alta e as luzes coloridas tomam
conta do ambiente. Felipe está sentado em um lounge VIP, com uma
bebida na mão, rindo e conversando com sua amiga Natália, uma jovem
descolada e extrovertida. Eles estão aproveitando a noite sem
preocupações, ou pelo menos, Felipe está tentando.
Felipe (rindo, se inclinando para perto de Natália para ser ouvido sobre o
som da música):
– Finalmente, uma noite fora do prédio! Sem reclamações, sem moradores
malucos. Eu merecia isso há muito tempo!
Natália (rindo, tomando um gole de sua bebida):
– Você tá exagerando, Felipe. Tá parecendo um velho! Relaxe, aproveite!
Não é todo dia que você sai pra se divertir.
Felipe começa a relaxar, até que... o celular começa a vibrar na mesa. Ele
olha de relance e vê uma notificação do grupo do condomínio.
Inicialmente, ele ignora, mas o celular não para. São várias mensagens
chegando uma atrás da outra.
Natália (observando a reação de Felipe):
– Nem pensa nisso, hein! Deixa o celular pra lá. Você prometeu que ia
desligar hoje!Felipe (hesitante, olhando para o telefone):
– Eu sei... mas, só vou dar uma olhadinha rápida. Só por precaução.
Ele pega o celular e seus olhos se arregalam quando vê as mensagens.
Reclamações sobre uma briga violenta entre duas vizinhas. Ele lê
rapidamente: "Elas estão se pegando no corredor!", "Alguém já chamou a
polícia!", "Felipe, cadê você??!"
Felipe (em choque, quase gritando para Natália):
– Não acredito! Tem duas moradoras se pegando no tapa! A polícia tá indo
pra lá!
Natália (rindo, incrédula):
– Isso é sério? Você não pode ter um minuto de paz!
Felipe (levantando, já preocupado):
– Eu preciso ir lá. Se a polícia chegou e eu não estiver presente, vai ser um
caos!
Natália (tentando segurar o riso):
– Você vai parar sua noite de balada pra apartar briga de vizinhas? Ai,
Felipe, você realmente tá preso nesse prédio.
Felipe (bufando, pegando a jaqueta):
– Não tenho escolha. A última coisa que preciso é uma manchete "Síndico
ausente enquanto caos reina no condomínio"...
Natália ri, mas não o impede, e os dois saem rapidamente da balada.Felipe e Natália chegam de táxi, param na frente do condomínio. O local
está um tumulto, com moradores do prédio aglomerados na entrada. Uma
viatura da polícia está estacionada na frente. Felipe salta do carro,
ofegante, e começa a caminhar em direção à confusão. Natália o segue,
curiosa com o drama.
Natália (rindo):
– Isso tá parecendo cena de novela. Que barraco é esse?
Felipe encontra Tonho, que está do lado de fora, balançando a cabeça em
desespero.
Tonho (sério, mas com um toque de sarcasmo):
– Tava demorando pra você aparecer. Tá um caos lá dentro, cara. As duas
estão se estapeando como se fosse luta livre. Puxão de cabelo, gritaria,
uma cena.
Felipe (desesperado):
– Eu tava numa balada! O que tá acontecendo? Quem são as vizinhas?
Tonho (apontando com o polegar para o corredor):
– A Rosana e a Irene. A briga começou por causa de um... gato. Isso
mesmo. Parece que o gato da Irene entrou na varanda da Rosana e, bom,
o resto é história.
Natália (segurando o riso):
– Um gato? Elas estão se matando por causa de um gato?Tonho:
– Não subestime, moça. Aqui qualquer motivo vira um conflito
internacional.
Felipe entra no elevador correndo, seguido por Natália e Tonho. Eles
chegam ao andar onde o tumulto acontece. As portas dos apartamentos
estão abertas, e moradores espiam, chocados com o que está
acontecendo. Felipe e os outros entram no corredor e encontram Rosana e
Irene envolvidas numa briga intensa. As duas estão puxando os cabelos
uma da outra, gritando alto, enquanto dois policiais tentam separá-las.
Felipe (gritando para ser ouvido sobre o caos):
– Parem com isso! O que tá acontecendo aqui?!
As duas vizinhas param por um momento, mas continuam com as mãos no
cabelo uma da outra.
Irene (furiosa):
– Ela ameaçou machucar o Tom! Só porque ele entrou na varanda dela!
Rosana (gritando de volta):
– Ele destruiu minhas plantas! Esse gato é um pestinha!
Felipe (tentando manter a calma):
– Gente, por favor! Isso é ridículo! Um gato, sério? Não dá pra resolver isso
de maneira civilizada?
Rosana (apontando o dedo para Felipe, sem soltar Irene):– Civilizada? Eu tento, mas ela é insuportável! E o gato dela acha que
manda aqui!
Natália (sussurrando para Tonho):
– Eu não acredito que saí da balada pra isso. O drama tá melhor que a
pista de dança.
Tonho (com um sorriso de canto):
– Bem-vinda ao mundo real, moça.
Policial 1 (tentando apaziguar):
– Senhoras, vamos resolver isso com calma. Ninguém vai sair machucado
por causa de um gato.
Policial 2 (virando para Felipe):
– Você é o síndico, certo? Pode nos ajudar a acalmar isso?
Felipe (exausto):
– Eu tô tentando... Mas, honestamente, acho que vou precisar de mais do
que só palavras.
Natália (gritando para as vizinhas):
– Ei, ei! Que tal cada uma cuidar de seu próprio apartamento e resolver
isso amanhã? Em vez de brigar agora, vocês podem, sei lá... fazer terapia
de casal com os gatos?
As duas vizinhas finalmente soltam os cabelos uma da outra, ofegantes,
mas ainda furiosas.Irene (bufando):
– Amanhã eu vou direto para o jurídico. Esse gato é minha vida!
Rosana (ajustando o cabelo, desafiadora):
– E eu vou reclamar na reunião do condomínio. Não quero mais ver esse
gato nas minhas plantas!
Do lado de fora do condomínio. As viaturas vão embora e a multidão se
dispersa. Felipe e Natália estão sentados em um banco do lado de fora,
exaustos. Tonho já foi dormir, e a paz finalmente voltou.
Natália (rindo):
– Não acredito que isso tudo foi por causa de um gato.
Felipe (encostando a cabeça no banco, cansado):
– Eu também não. E o pior é que amanhã tem mais... O jurídico, a reunião
do condomínio... Isso nunca acaba.
Natália:
– Você deveria cobrar extra por "sindicar" à noite.
Felipe (com um sorriso cansado):
– Eu só queria uma noite sem encrenca. Só uma.
Natália (rindo):
– Esquece, Felipe. No seu mundo, isso nunca vai acontecer.Felipe e Natália ainda sentados, enquanto o gato “Tom” aparece de
repente e começa a andar tranquilamente pela entrada do prédio, como
se nada tivesse acontecido