A Cruzada de Catarina, capítulo 10: Catarina e Andrômeda se aliam
No último episódio vimos que o ataque de uma gangue de rua a soldo de Homer Nightgale a Catarina, Lena e Márcio, é frustrado pela aparição de uma mulher de capa e máscara com seu carro IA. Andrômeda, a mascarada de Lorena (protagonista da novela "O fator caos", onde ela confronta o terrível mago negro Lúpus), mete-se no caso para ajudar Catarina. A guerra entre o Bem e o Mal está se acirrando!
Agora veremos a aliança proposta por Andrômeda, figura bizarra que, diferente da doce Catarina, é uma pessoa seca e amarga. E que não faz grande caso dos aliados de Catarina. Como será o relacionamento entre as duas heroínas?
CAPÍTULO 10
CATARINA E ANDRÔMEDA SE ALIAM
— Então – disse Cathy – você tem realmente um apartamento em São Paulo?
— Posso ter em muitos lugares. Tenho dinheiro suficiente para isso.
— Um apartamento de terraço... com controle para a entrada de um carro voador. Você é fabulosa, Andrômeda. Sinto-me mais segura com você por perto.
— Eu penso que o nosso inimigo, Homer Nightgale, já sabe a essa altura que Andrômeda entrou no jogo — lembrou Lena.
— Isso é óbvio. Os supermazorqueiros, que estavam a soldo dele, já contaram a sua triste experiência. Vocês querem tomar alguma coisa?
— Aceitamos – observou Márcio.
Andrômeda mexeu no controle remoto do braço da poltrona e logo, ultrapassando o cortinado do corredor, apareceu um termofrigobar robótico que se aproximou do sofá onde se instalavam os visitantes. Em sua porta constavam as diversas comidas e bebidas em letreiros luminosos.
— Acho que aceito uma fatia de empadão de legumes – disse Lena.
Cathy espantou-se: — Puxa, você está com fome!
— É isso aí.
— Me dê o suflê de ameixa, e um vinho chileno – disse Márcio.
Cathy optou por um café com leite e um sanduíche de queijo quente. Prosaico, mas forrava o estômago. Andrômeda chamou o robô e serviu-se de uma pitza, cujo prato colocou na bandeja do braço da poltrona. E então a mascarada deu início à discussão:
— Catarina, eu sei qual é a sua causa. Você quer interromper de vez a carreira de crimes do Barão Homer. Não se trata só disso, eu sei. Os crimes dele se baseiam num poder infernal que o protege. Então, nós estamos lidando com algo sobrenatural e maligno, e teremos de agir com base nisso.
— Espere! Será que você sabe o que eu sei... e que eu deduzi... sobre o Barão?
— Depende. O que você sabe mesmo, Cathy?
E Catarina resumiu a sua história, bem como as suas suspeitas a respeito da juventude perene de Homer. A “síndrome de Dorian Gray”...
Andrômeda estava pensativa:
— Se esse quadro existe, certamente Homer o mantém fechado a sete chaves. Então eu só vejo um meio: penetrar na mansão e esquadrinhá-la, até encontrar o objeto.
— E ele deixará?
— Eu não preciso de autorização para agir, Lena.
— Será perigoso. Ele nos confrontará – lembrou Catarina, atenta às palavras da mascarada.
— Cathy, há certas lutas que só podem terminar no confronto direto entre as partes. Se nos apossarmos desse quadro teremos de destruí-lo; e se o fizermos o barão ou morre, ou envelhece consideravelmente diante de nossos olhos. Não passou tanto tempo assim desde o início do pacto, mas o envelhecimento causado pelo vício é terrível. Será conforme estiver no quadro.
— Eu não posso acreditar nisso – disse Márcio. – É muita fantasia, coisas assim não podem acontecer.
Andrômeda fuzilou com o olhar.
— Crê que Cathy tem a proteção de um anjo? O poder do mal também existe.
A mascarada se ergueu e encarou Catarina:
— Erga-se, Cathy.
A menina se levantou, admirada. Andrômeda caminhou para o meio da sala e chamou-a:
— Aproxime-se.
Cathy aproximou-se, parando em frente à outra. Lena espantou-se:
— Que foi, Andrômeda?
— Não fale nada, Lena. Quero que você e Márcio sejam apenas testemunhas. Cathy, dê-me as suas mãos.
Cathy obedeceu, fitando nos olhos a mascarada. Esta prosseguiu:
— Você é uma servidora de Cristo. É também uma guerreira de Cristo. Você e eu devemos estar dispostas a derramar o sangue, se for preciso, para defender a Igreja e a humanidade.
— Eu estou disposta, Andrômeda.
— Façamos, então, um pacto. Você e eu, Catarina, haveremos de destruir o mal que o Barão Homer Nightgale trouxe para o mundo. Haveremos de faze-lo – e que Deus e Nossa Senhora nos ajudem.
— Assim seja – sussurrou Cathy, apertando as mãos de Andrômeda.
Andrômeda afastou-se da menina e prosseguiu, muito séria:
— Mais uma coisa: sugiro que você abandone este seu método de ir abordando as relações de Homer e espionando a sua vida. É um método difícil, trabalhoso e ocupará você durante anos, isso se ele não a matar primeiro ou mandá-la para as galés por difamação.
— Deu certo com Márcio e com Lena – disse ela.
— Pode ser, você teve sorte. Mas veja a sua última experiência. Quer saber? Eu proponho um raide à casa de Homer. Vamos lá, aconteça o que acontecer, para um confronto final com esse homem.
— Ele chamará a polícia – disse Lena, cética.
— Eu já sou procurada pela polícia há muito tempo.
MÁRCIO – Mas e nós, Andrômeda? Nossos nomes ficarão sujos e depois, que chance teremos de encontrar o tal quadro?
— Se não quiserem me acompanhar, irei sozinha.
CATHY – Um momento, Andrômeda. Você e eu somos aliadas, portanto, se você tiver que ir, eu irei com você. Eles não irão.
Lena e Márcio protestaram com veemência, mas Catarina mostrou-se dura:
— É muito perigoso para vocês dois. Eu e Andrômeda podemos resolver isso melhor.
— Não, não e não! – exclamou Lena. – Somos seus amigos e estamos nesse barco!
— Resolva com eles – disse Andrômeda a Cathy. – Se eles quiserem vir, não farei objeção... mas não quero que façam besteiras.
— Mas veja, Andrômeda. Precisamos primeiro saber mais alguma coisa... ter alguma pista, alguma certeza... contatar alguém da criadagem, alguém que conheça por dentro a Mansão Nightgale... senão será uma agulha no palheiro!
— Eu tenho a sonda espacial que pode localizar os espaços vazios nas paredes. Não será tão difícil. O difícil será enfrentar o barão e seus criados ou capangas.
“A família desse homem, como sabem, enriqueceu muito com a indústria dos azotados do Peru e, depois, com a nanotecnologia cibernética. Homer não trabalha, mas curte essa fortuna e fez de sua casa uma fortaleza traiçoeira. Vamos ter que planejar isso direitinho.”
— Então você planeja enquanto eu prossigo com o meu método – disse Cathy com firmeza, pouco disposta a deixar Andrômeda assumir o controle da situação.
A mascarada observou-a com seu jeito sinistro, exacerbado pela misteriosa máscara:
— Não se arrisque em demasia. Eu pensarei na estratégia e, quando a tiver definida, espero que você esteja disponível para que juntas enfrentemos o mal.
— Assim será, Andrômeda.
Daqui para a frente os acontecimentos se precipitarão. Andrômeda não tem a paciência de Cathy e quer resolver tudo com seus próprios métodos e não vê utilidade em Lena e Márcio. Conseguirá Catarina se harmonizar com uma aliada voluntariosa e poderosa como Andrômeda?
Em breve nesta escrivaninha:
CAPÍTULO 11
ANTICLÍMAX
imagem freepik.com (carro com IA)