Foi Assim (Parte 6) "O Novo Conto do Vigário"
De novo caí no conto do vigário.
De novo.
Não, nada a ver com dinheiro, ou com ser passada para trás em alguma compra, sei lá.
Trata-se, sim, de, novamente, deixar o meu coração carente me pregar uma peça.
De me apaixonar por alguém impossível. Alguém que conheci pela Internet, alguém que mora no outro lado do oceano.
E de fantasiar que, talvez, algum tipo de relacionamento mais próximo pudesse ser possível.
“Conversamos”, trocamos algumas mensagens sobre música e outras coisas e eu, claro, comecei a projetar nele alguém com quem eu gostaria de me envolver emocionalmente.
Me envolver como mulher.
E não vai acontecer. Nunca vai acontecer.
“Ai, que saco isso”, pensei. “Por que cargas d’água deixei isso acontecer comigo de novo”?
Sim, de novo. Não é a primeira vez.
Mas, dessa vez, eu prometo solenemente que será a última! (Acho que já disse isso antes... Aff).
Meu Deus, Mônica, por que isso aconteceu de novo?
Comecei a pensar nas outras vezes em que passei por isso.
E, óbvio, em todas aquelas situações eu estava em um momento carente. E a Internet e o entretenimento ajudam bastaste a preencher a carência.
Só que eu, obviamente, muitas vezes me deixo levar pela aproximação que a Internet proporciona.
Claro que conheço muitas pessoas que se conheceram assim, se envolveram e estão juntas até hoje.
Assim como conheço pessoas que se conheceram pessoalmente, se apaixonaram, se casaram e, hoje, moram em hemisférios diferentes. E estão juntos por conta da Internet.
Muito provavelmente a questão da pandemia teve papel importantíssimo desta vez.
Desta vez?
Houve outras vezes que me senti assim e, nas outras, não havia pandemia.
Lá vem a Mônica procurando desculpas.
O fato é que, por conta desse desafio mundial, o meu trabalho reduziu muito (muitíssimo, mesmo). Então, acabo passando mais tempo em casa e, obviamente, na Internet.
Adoro o youtube! Adoro os programas de culinária, de música, de costura, de artesanato - aliás, há dois canais de artes que super recomendo e que vou voltar a checar todos os dias: Creative Mom e Nerdfordge.
Essas artistas são espetaculares! Pintam, esculpem, criam coisas lindas a partir dos materiais mais comuns, daqueles que temos em casa e que, muitas vezes, simplesmente jogamos fora...
É impressionante o talento delas. Lembro de - até há bem pouco tempo - ficar horas admirando as suas criações e cada etapa dos processos.
É isso! É isso que vou fazer.
Vou terminar de costurar as capas de almofadas que comecei a fazer e, em seguida, vou fazer o meu próprio booknook (acabei de lembrar da Nerforge fazendo o dela).
Como assim que ainda nem comecei a fazer o meu?
Tá certo, tá certo, ainda tenho que escolher o tema.
Gosto de muitos livros. Vou escolher o cenário de um deles.
Com certeza alguma ruazinha com alguma biblioteca.
Ainda vou decidir.
Vou me ocupar com arte.
Com a minha arte.
É simples, mas é minha.
E, com certeza, vou voltar a me ocupar com o meu livro.
Este aqui.
Este livro de reflexões.
Olhar para a frente e projetar o que fazer é importantíssimo.
Mas olhar para trás, também.
E eu havia parado de fazer os dois.
- “É isso, Mônica!”
Vou deixar a minha arte ser a minha fonte de reflexão.
Vou usar a minha arte como a minha companhia.
E eu gosto da minha companhia.
Só que, às vezes, pareço esquecer disso.
Obrigada a você que mora do outro lado do oceano!
Graças a você, vou me reencontrar comigo mesma.
De novo.
E eu já estava com saudades de mim.
Valeu!