'MORGANA - UM SOPRO DIVINO'

Um sopro divino

- Por que faz, querido?

- Por que a senhora...- Eu o interrompo, pousando meus dedos em sua boca.

- Não sou mais uma 'senhora'. - Advirto-o, envergonhada por ser tratada como um ser humano de boa índole quando sei que sou parte da escória. Ele precisa saber o que fiz. Se souber, certamente, me deixará aqui, sozinha. - Não sou a mesma desde que... - Paro de falar, emocionada com o jeito como ele me olha. Ele me fita como um pai amoroso e condescendente. Isto, de fato, me sensibiliza e , ao mesmo tempo, me irrita. - Vc precisa saber...- Antes que eu possa me explicar, abro a boca, pois há uma colher de sopa fumegante a um palmo de meus lábios. O caldo me reconforta a alma, alimenta meu corpo agora enxuto. Estranho o fato de estar seca, limpa....- Onde está meu vestido!? - Pergunto, engolindo o caldo, com a voz esganiçada, cobrindo, instintivamente, meus seios com os braços cruzados. - E meu manto!? - Ele abana a cabeça, negando o que sequer perguntei. - Vc não ousou trocar minhas roupas? Vc me deu um banho? Por que estou limpa?

- Dou-lhe minha palavra de que não a toquei.

- Não tocou?

- Não, senhora.

- Claro que sim! - Rosno como se a resposta fosse óbvia.

Como estou limpa, com roupas limpas!? - Passo a mão no rosto e sinto a pele lisa, fina como outrora. As manchas nos braços, o couro cabeludo com os fios limpos, ainda curtos, porém macios ao toque. - O que fez comigo? - Sussurro, amedrontada. Maravilhada por me sentir gente novamente. Por me sentir curada. - O que vc é? Quem te enviou? Foi Lilith? - Minha cabeça se inclina suavemente para o lado, em busca de alguma alteração em sua face inexpressiva. Ele, mais uma vez, balança a cabeça numa negativa e, como se não entendesse o motivo de minha exasperação, continua a me alimentar. Já não estamos mais debaixo da chuva ou no campo. Estamos em um ambiente fechado, aquecido pelas chamas de uma lareira. As achas crepitantes chamam a minha atenção enquanto abro a boca como um bebê confiante, acostumado aos carinhos de sua mãe. - Como vim parar aqui? E que lugar é este? - Meus olhos desconfiados percorrem o ambiente. Há janelas de madeira por onde o vento frio tenta entrar. Há um fogão à lenha, ao lado da pia onde os pratos se empilham. Engulo em seco, retendo as lágrimas que lutam por deslizarem em minhas bochechas sem manchas. Há algo de familiar naquela sala, naquela pia, no fogão. - Quem morou antes aqui!? - Pergunto baixinho, enxugando meu rosto onde se lê o remorso e as saudades que comprimem meu coração com mãos de aço. Não estou olhando para ele. Ele se mantem calado. Volto meus olhos atônitos a ele. Não vou perguntar. Não quero a resposta, embora eu saiba que ela a tem na ponta da língua. Não suportaria saber que estou de volta ao lar.

As chamas da lareira não são suficientes para iluminar seu rosto que continua na penumbra. Já o meu, queima em contato com o calor agradavelmente abrasivo das chamas bruxuleantes. Uma segunda colherada e eu disparo, porque já não suporto sua mudez insensata. - Rapaz! - A colher para a um palmo de minha boca. Minha mão afoita afasta a colher e minha voz se altera, num rompante de pânico. - O que quer de mim? De onde vem? Como surgiu e me trouxe para cá?

- Muitas perguntas...- Diz ele, de olhos baixos, soprando, quase num assovio, o que ainda resta no prato. Os cantos de sua boca se elevam num sorriso quase macabro, mas há luz em seus olhos. Mau ele não é. Eu sinto. - Coma primeiro. - Ele ergue o talher quase acima de minha cabeça e volta a descê-lo, na direção de minha boca semiaberta. - Depois, juro que falo tudo. - Dou de ombros, contrariada. Devo ter feito uma careta grotesca, pois ele está rindo de mim agora.

- Trato é trato. - Digo num tom de voz ameaçador, estreitando meus olhos dardejantes. - Vc é um demônio? - Curiosa, arrisco um palpite. Ele abre a boca, então a fecha e a abre de novo. Hesitante, num ligeiro gesto de cabeça, sinaliza para que eu abra a minha. - Responda! - Ordeno, enquanto deixo que ele me alimente. Comeria um boi com a fome que tenho, mas contento-me com o caldo verde, suculento, bem temperado. Um exótico aroma de especiarias que desconheço. - Vai me dizer ou não? - Resmungo, limpando, rispidamente, os cantos da boca com o dorso de minha mão. - Isso está um primor. - Lambo os beiços. - Quem fez? - Lanço meu olhar questionador a ele que não se intimida. Ele sorri. Em meio à penumbra onde se encontra, eu vislumbro seus dentes brancos, enfileirados, à mostra num sorriso infantil. Ele é novo. Muito mais novo do que eu. Algo nele me faz lembrar de meu amado Antoine. Se pudesse ver mais alguma coisa além das sombras que o cercam...- Eu te conheço de algum lugar! - Afirmo numa exclamação eufórica, agarrando, num ímpeto, o braço que segura o prato. O braço treme. A sopa se derrama sobre a mesa de madeira. Ponho-me a limpar a sujeira antes que cause maior estrago como o fazia em nosso lar, nos momentos de euforia quando nos reuníamos à mesa na hora do jantar, sob o olhar compassivo de Giovanni que nada fazia além de deixar nossos filhos livres para sujarem o que eu limpava, praguejando por não ter seu apoio com relação à educação deles. Meu coração se aperta de dor e saudades. Ergo um braço num sinal claro para que ele sustente a colher enquanto estou assoando meu nariz na barra de meu vestido limpo e novo. Que diabos de vestido é este? Ele só pode ser um deles.

- Sente-se bem? - Respiro fundo e soltando o ar, respondo com rispidez.

- É claro que não! - Arrependo-me quando o vejo recuar, encolhendo-se como um bichinho acuado. - Perdão. - Murmuro, afagando sua bochecha rosada. Ele se deixa tocar como se sentisse falta de um gesto de carinho. Uma criança perdida. - Acho que me esqueci de como é ser bem tratada, querido. Perdoe-me. - Ele assente com a cabeça, abrindo um sorriso encantador. Meus filhos. Ele me faz lembrar de meus filhos queridos. Enquanto limpo a mesa salpicada de verde usando um pano que surgira do nada, penso que, se pudesse voltar no Tempo, eu mesma sujaria toda a mesa e brincaria com eles. Riria com eles. Diria, todos os dias, o quanto eu os amava e nunca mais ergueria minha voz ao homem mais doce, ao pai mais consciente, íntegro e dedicado que conheci.

- Não chore, senhora. - Eu ergo os olhos. Mas, a cabeça não. Eu o fito por baixo das pestanas umedecidas. Quero brigar, lutar, xingar. Odeio que me chame de 'senhora' quando já passei por mãos devassas e porcas. No entanto, desisto assim que consigo ver um pouco de seus olhos serenos quando ele se inclina para frente, saindo das sombras que se aninham ao lado da lareira, oferecendo-me a última colherada do prato com um sorriso vitorioso nos lábios. Por Deus! Sinto-me uma criança sentada no banco de madeira, mãos sobre as coxas unidas e os pés que balançam para frente e para trás a um palmo do chão. Sua presença me intimida. Ruborizo quando ele deixa escapar um chiado que se assemelha a um risinho. - Parabéns! Comeu tudo. - Ele pousa o prato sobre a mesa, francamente aliviado. Dou graças por ele não bater palmas. Estreito meus olhos e estou prestes a mandá-lo ao inferno por me tratar como uma paciente recém-chegada a um sanatório. Sei que estou doente, mas, louca não. Não me trate assim, mocinho. Quem pensa que é?

- A senhora não se lembra de mim? - Arquejo de espanto, recuando meu tronco, apoiando minhas mãos na cadeira. Ele me ouviu? É possível? Claro é! Todos na cidade parecem ter adquirido a capacidade que julgava pertencer somente a Giovanni e a mim. Diabos! Melhor seria que todos nos calássemos e somente nos comunicássemos através da telepatia! - Concordo. - Cubro meu rosto enrubescido. - Falar cansa. - Ele complementa, inclinando-se para frente e então vejo seu rosto iluminado pela luz tremeluzente da vela sobre a mesa. O vento ruge lá fora. As janelas de madeira rangem, rabugentas como a porta de nosso quarto. A porta que Giovanni jamais tivera tempo de consertar. Chego a ouvi-la daqui. Abano a cabeça baixa, certa de que estou alucinando. Não posso estar de volta ao lar. Não. Isso me mataria. Ora bolas! E não é isso que eu desejo? A Morte? Afinal, há pouco, estava convulsionando e graças a...- Foi vc quem me salvou? - Insisto, fingindo sorrir quando o que quero é gritar, berrar. Mergulhar num oceano de insanidade. E se eu me levantar e correr até os quartos? Eu os encontrarei dormindo? Poderei beijar meus filhos mais uma vez e sentir o abraço morno de meu marido?

- Creio que não, senhora. - Ofegante, eu o encaro. Há tantas perguntas. - Não. A senhora não está morta. E não. Eles não estão aqui. - Ele baixa a cabeça na inútil tentativa em esconder a lágrima que desce por sua bochecha lívida. - Sinto muito...

- Vc me trouxe para cá?

- Sim. - Responde ele com um brilho nos olhos que jamais havia visto em outro ser humano...vivo. Há algo nele que me incomoda. Não de uma maneira negativa, mas por não compreender aquela luz que o circunda como se o sol nascesse dentro dele e os raios lhe escapassem pelos poros de seu corpo. - Já faz tempo, senhora. - 'Senhora, novamente', penso, revirando meus olhos, bufando, enquanto raspo o prato, limpando-o com um pedaço de pão. Engulo o pão e antes que ele me lance um olhar de piedade, eu o ameaço de boca cheia.

- Estou quase me lembrando. Se for algum inimigo é bom que saiba que sou extremamente perigosa.

- Eu acredito. - Seus olhos crédulos e sua voz cheia de empolgação geram uma curiosidade ainda maior. - Eu presenciei sua bravura. Eu estive com a senhora quando enfrentou aqueles homens rudes, em um lugar onde jamais deveria ter pisado. Não uma mulher honrada como a senhora.

- Não me chame de senhora! - Trovejo, colérica.

- Sim, senhora. - Reviro os olhos marejados. - Jamais me esquecerei do que fez por mim.

- Minha nossa! - Exclamo estarrecida rasgando com os dentes um naco de pão. Mastigo o pão com os olhos estatelados, fixos nele. Ele me sorri como se soubesse que eu o havia reconhecido, então, ele me aguarda. Bebo da água no copo que empurra o naco entalado na garganta. Engasgo-me na tentativa de falar. Tomo outro gole sob o olhar compassivo dele. Sua luz se agiganta e chego a ter medo dele. Já não posso afirmar se estou diante de um ser vivo ou morto. Pigarreio e, com a garganta livre, eu cuspo seu nome. - Castiel!

- Pensei que nunca se lembraria. - Enquanto fala, abre um sorriso fascinante. Sua voz é tão frágil e doce. Debruça-se tanto em minha direção que sua testa quase toca a minha. - Sou muito grato por tudo o que me fez. - Bato as mãos nas coxas ao me virar para ele, indignada.

- E que diabos eu fiz a vc, Castiel!? Só lhe dei trabalho e te expus ao perigo. - Puxo o ar pela boca e expiro lentamente. Lembro-me de tudo e, principalmente, de não ter salvo a vida do pai de meus filhos. - Eu errei como tenho errado desde então. Naqueles dias em que...- Um novo nó na garganta, mas desta vez, nada tem a ver com o pão. As lembranças dos dias em que passara na prisão, os estupros, a fome, a sede, a tortura, a humilhação...o maldito padre Pietro ainda vivo. Balanço a cabeça tão intempestivamente que corro o risco de machucar meu pescoço. - Foi vc quem me ajudou, querido. Vc me ajudou a escapar da prisão. - Minha voz entrecortada por soluços denota a emoção que embaça minha visão. - Vc foi meu anjo guardião e eu nunca mais tive a oportunidade de lhe agradecer...- Alcanço suas mãos puxando-as para perto de mim e, num arroubo de gratidão, beijo-lhe os nós dos dedos. Ele tenta retirar suas mãos dentre as minhas. Está visivelmente perturbado. Eu não ligo, pois continuo segurando-as firmemente. - Como foi que escapou de lá? - Ele emudece. De chofre, vem à minha mente sua história, seu sofrimento entre aqueles vermes de batina que o usavam de forma ultrajante e todo meu corpo treme violentamente sem que eu tenha controle sobre ele. - Como eles te deixaram sair? - É ele quem, agora, envolve minhas mãos nas dele, apertando-as sutilmente. Seus olhos se enchem d'água, suas feições súbito estão nubladas. As imagens chegam até mim como um filme numa rotação acelerada.

Os assédios dos padres, seus gritos, seu sofrimento em um quarto pequeno e escuro. Seu corpo nu e franzino curvado sob as chibatadas do cilício. Ele, de joelhos, diante do Crucificado, um pedido de perdão, uma súplica, a janela escancarada em seu quarto no topo do mosteiro, no alto da colina; batidas na porta de seu quarto, seus olhos inchados de tanto chorar, o desespero que o toma por completo, desatinando seus pensamentos, empurrando-o para a janela. A porta do quarto se escancara. Um grito de horror. Um salto para a morte. Um corpo destroçado entre as pedras que cercam os muros do mosteiro. Os olhos desmesuradamente abertos o corpo mergulhado numa poça de sangue. Abro os olhos, ofegante. - Sinto tanto...- Tomada de pesar, eu o envolvo em meus braços e sinto sua cabeça repousar em meu ombro. Ele chora como uma criança perdida à procura dos pais. - Shh...já passou. Já passou. - Eu o embalo como ninava meu Antoine quando, com medo do escuro, não me deixava sair de seu quarto antes de voltar a dormir. - Tudo passou, meu querido. Tudo passou. - Afago-lhe os cabelos claros, beijando o topo de sua cabeça. - Saiba que vc cozinha muito bem, viu? Amei sua sopa ou caldo ou seja lá o que comi. - Ele ergue seu tronco, aprumando-se. Um sorriso enigmático baila em seus lábios finos e delicados. Há luz ao seu redor. Então, o que diziam sobre os suicidas era mentira? O padre porco ensinava aos seus fiéis que os que se matam, queimam no fogo eterno do inferno. Ele não parece chamuscado. - Por que está olhando assim para mim? Está rindo para mim ou de mim?

- Para vc. - Ele pousa sua mão na minha e, num tom calmo e tranquilizador, ele pronuncia. - O Criador julga pelas intenções. Guarde isso consigo para sempre.

- Ora, não me fale d'Ele! - Giro meu corpo na cadeira, cruzo os braços abaixo dos seios e, resmungando para as paredes, pisco repetidas vezes a fim de não chorar. Não consigo. - Nunca me amou. - Choramingo, assoando, ruidosamente, meu nariz. - O 'seu Criador' não tem olhos para mim. Esta é a mais pura e cruel verdade. - De costas para ele, sinto os pelos da nuca eriçados enquanto eu ouço sua voz juvenil murmurar em meu ouvido.

- Ele nunca abandona Seus filhos. - Dou de ombros e só não cuspo em seu rosto porque gosto dele. Ouço sua risada, arregalando os olhos, surpreendida. É idêntica a de meu Antoine! - E obrigada pelo elogio, mas vc deveria elogiar o cozinheiro, não a mim. Nunca fui bom na cozinha. - Giro meu corpo para ele com a rapidez de um relâmpago. Ele me ampara em, seus braços para que eu não caia da cadeira. Furiosa, eu replico. Não sei porque estou furiosa. Na verdade, é um misto de fúria e curiosidade extrema.

- Ah, não! Pois eu gostei de seu tempero, meu bem! - Ele estreita os olhos e seu sorriso está repleto de segredos. Por que está rindo assim? O que me esconde? Fale, garoto abusado! - Ou foi o "seu Criador" quem cozinhou!? - Afundo o indicador em seu peito enquanto ele me fita com bondade. - Ai, ai, ai,ai, ai! Não gosto do jeito como me olha! Tenho cara de palhaça!?

- A senhora é divertida! - Diz ele, gargalhando. Não me importo. Vê-lo feliz me faz feliz. No entanto, mantenho o cenho carregado. - Bem que ele me disse.

- Quem!? - Ergo meu pescoço como um lêmure que pressente o predador. - O seu Deus!?

- Não. O cozinheiro. - Levo minhas mãos ao peito. Creio que vou infartar e a Morte surda, muda, cega e burra, enfim, virá me buscar. - Não fui eu que preparei a sopa. - Agarro-me à mesa, desorientada, sem ao menos saber o motivo de minha desorientação. Apenas a sinto. Sinto que algo de avassalador está prestes a ser dito por este menino bonito e franzino e morto diante de mim. Então, explodo, cuspindo abelhas.

- O QUE VC TEM A ME DIZER!?

- Veja por si mesma...

- Não suma! Não se atreva a me deixar aqui! Não...não. Não,não, não. Não me deixe só. Leve-me consigo! - Jogo dramaticamente minha cabeça sobre a mesa e tombo na grama verde, macia, orvalhada. - Minha nossa! - Grito, perplexa. Rolo o corpo para o lado e, de quatro, ergo o tronco, apoiando-me nos tornozelos. - Jesus, Maria e José. - Permaneço com a boca aberta por algum tempo. Tempo suficiente para que uma abelha tente me sufocar, vasculhando o interior de minha garganta. Eu a espanto com a mão sem olhar para ela.

Meus olhos aturdidos se fixam nas árvores, arbustos, flores de todas as cores e espécies. Estou sob um céu abobadado, estupidamente azul. De um azul nunca visto antes. Penso estar no Céu, mas, logo desisto da teoria, vasculhando meu passado trevoso. Estou na Terra. Sim. Eu reconheço este lugar. Aaah...se reconheço!

A floresta densa, as borboletas loucas e suas asas farfalhantes, as fadas tagarelas, os faunos, a clareira, o lago onde nos banhávamos. Os lugares secretos onde a Magia vicejava, nas remotas e verdejantes colinas e charnecas varridas pelo vento da nossa amada terra. As profundezas das cavernas ao longo da costa rochosa de nossa região. A doce canção da vida bem vinda nos tempos de nossa juventude, a velha árvore curvada e retorcida pelo tempo e pelo vento onde ele talhou com uma faca as iniciais dos nossos nomes...

- Deus! Estou em casa.

Morgana Milletto
Enviado por Morgana Milletto em 19/01/2020
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