'MAGIA' - Do livro "Giulia - Quando a Luz se apaga"

Ela ouvira ruídos vindos do closet. Risos que bem poderiam ser os dele. Seguira o som, sempre curiosa, pés descalços sobre o tapete Bokhara que cobria o piso de largas tábuas de nogueira, distinguindo uma segunda voz que, de vez em quando, murmurava algo num tom baixo, em interrogações que se repetiam, de minuto a minuto e logo o silêncio tomava conta do ambiente. Um silêncio sepulcral que a fazia levar a mão ao peito, cheia de temor. Aproximara-se, cautelosamente, do facho de luz que escapava daquele pequeno espaço, iluminando parte de uma linda estante em madeira entalhada do quarto dos tios. Sem querer ser vista, recostara-se na parede ao lado do batente da porta do banheiro. Arriscara uma olhadela lá para dentro e um longo suspiro de enternecimento acalmara seu coração. Ela o vira ali, ao lado do pai, e um sorriso largo se abrira em seu rosto. Enfim, ele havia aceitado seus conselhos. Após tanto conversarem sobre a necessidade de Fernando dedicar parte de seu tempo ao pai ainda ausente, e lá estava ele que confessara ter medo de ver-se esquecido pelo homem que tanto amava. Queria o pai de volta e como um menino perdido entre a multidão, chorou nos braços dela, reconhecendo-se impotente ao lidar com aquela doença e seus nefastos efeitos.

Fernando manuseava o aparelho de barbear com a destreza de um profissional. A toalha branca logo abaixo do queixo do pai, a cadeira de rodas amorosamente, reclinada para trás, transformando-se em uma quase réplica da inesquecível 'Campanile', antiga cadeira de barbeiro do século XIX. Os pés descansavam nos aparadores de metal e os braços de Enzo repousavam suavemente sobre os espaldares e sua cabeça encostava-se, tranquilamente, na altura do abdômen do filho que ainda não era reconhecido como tal. Para Enzo, estavam na Barbearia do "Vicente" que tivera de se ausentar repentinamente, sem antes recomendar os bons serviços do jovem talentoso. Ao som de Nat King Cole, permitia que o novato, extremamente educado e com ótima aparência e extremo cuidado o barbeasse.

- Pai, fica tranquilo. - A voz de Nando era tão suave quanto seu toque. - Eu aprendi o que senhor me ensinou, lembra?

- Não lembro não, rapazinho. Como poderia? - Fernando engolia em seco, pois seu grande temor estava ali, diante dele. Seu pai o havia esquecido. E quanto a todos os momentos que viveram juntos? E as farras, as confidências, os ensinamentos que ele sorvia, ávido pelas palavras sábias do pai? Estaria tudo perdido para sempre? Inspirava profundamente, afastando-se um pouco de seu rosto, recuperando o equilíbrio para, em seguida, tornar a acariciá-lo novamente, espalhando com um pincel de cerdas largas e macias, a espuma de barbear. - Vc tem certeza que trabalha aqui há muito tempo? - Enzo lançava-lhe um olhar cheio de desconfiança. - Eu nunca te vi aqui. Vicente não pode largar este estabelecimento nas mãos de um incipiente como vc! - Dizia-o com aqueles olhos enormes e azuis, arregalados e indignados, fitando-o através do espelho. Os olhos de pai e filho encontraram-se por segundos e Enzo esboçara um sorriso que durou o bastante para que Nando se enchesse de esperança em retornar a ver o pai. - Vamos lá! - Ordenara, dando de ombros, cerrando os olhos, cruzando as mãos sobre a barriga. - Termine o que começou. Tenho compromissos.

- Ah, tá! - Nando abanava a cabeça, francamente emocionado. - Perdão. Estamos quase acabando. - Giulia, ali, encostada à parede, fitava o teto com os olhos rasos d'água. Queria o tio de volta...por inteiro. Não aquele homem ranzinza que havia retornado da noite para o dia e que vivia a dar ordens ou a reclamar do que não estava ao seu gosto ou ainda, a chorar suplicando a atenção de Celeste que, para ele, voltara a ser a mãe morta. Preciso fazer alguma coisa, pensara, vasculhando com os olhos atônitos, os móveis em mogno, sentindo em seu rosto molhado pelas lágrimas, uma leve brisa que brincava através das janelas abertas, enfunando as finas cortinas e trazendo consigo os perfumes do jardim. E precisa ser logo, concluíra, enxugando, num gesto abrupto, o rosto com o dorso da mão. Seus olhos estavam molhados e orlados de vermelho. Não aguentaria ver sua tia e seu melhor amigo e amor sofrendo por conta de uma doença implacável e odiosa. - Trabalho aqui há uns vinte anos. - Dissera-o Nando, concentrado e decidido a não tremer a mão que repetia os passos ditados por seu mestre havia anos. - Aprendi aos doze anos a me barbear e foi meu pai...- Sua voz embargara e, por instantes, Enzo reclinava a cabeça para trás a fim de examinar o rosto do dono daquela voz que lhe era familiar. Fernando reconhecia a doçura nos olhos do pai. De imediato, Enzo voltava à posição inicial, resmungando palavras sem sentido. - Foi ele quem me ensinou o que sei. Tudo o que sei foi graças a ele. Foi ele quem me ensinou a escrever, a fazer contas, a dirigir. Ah! O senhor sabe que segui a carreira de Contador graças a ele??? - Enzo arqueara uma sobrancelha, abrindo um olho somente. Morria de medo de ser atingido em plena jugular. - Sério! - Nando entusiasmava-se ao notar seu interesse. - Eu me formei em Ciências Contábeis assim como ele e hoje eu trabalho no que ele costumava...- Um arquejo de tristeza. - Ele trabalhava onde hoje eu trabalho. - Enzo fechara o olho, cerrando o cenho. Fizera um gesto rude com a mão para que ele prosseguisse com o serviço. Nando não se deixou abater. Nutria a certeza de que assim fazendo, suas memórias retornariam. Enquanto falava, sua mão esquerda, logo abaixo do queixo, elevava-o, sutilmente, enquanto a direita fazia deslizar, firme e lentamente, a navalha que descia, impiedosa, pela lateral da face direita até a metade do pescoço, um pouco abaixo do queixo, rompendo os fios dos pelos daquela barba que o irritava havia dias. Fernando não tirava os olhos daquele rosto, daquela pele fina e dos cabelos grisalhos do homem a quem aprendera a admirar durante toda sua vida. Desejava apenas um sinal de que ele ainda estaria ali, em algum lugar, escondido, orgulhoso do filho.

- De certo, foi ele quem te ensinou a tagarelar também. - Retrucara, impaciente, olhos semicerrados, pés inquietos. Sorrira ao ouvir a gargalhada sonora do rapaz que mostrava habilidade no que fazia. - Ora, vamos lá! - Ele arfara e dera um sorriso. - Tenho compromisso. - Hesitara. - Embora não me lembre do que eu tenho que fazer ao sair daqui. - A fala era lenta assim como seus pensamentos. Os olhos agora abertos, distanciavam-se perdendo o foco. As mãos de Enzo se enroscavam, o peito se movia, em agonia. - Eu...eu preciso...

- Calma, senhor. Respire com calma. - Enzo estava prestes a ter um dos terríveis ataques de pânico onde, inevitavelmente, gritava por Celeste que o socorria prontamente, apesar da exaustão. - Inspire...isso. Puxe o ar pelo nariz e o solte pela boca. - Enzo se permitia guiar pela voz impregnada de amor do rapaz que o segurava pelos ombros como a lhe insuflar força e coragem. Um belo sorriso o do rapaz, pensara enquanto sua respiração voltava ao normal. - Sente-se melhor?

- Certamente. Vc é bom nisso! - Exclamara, revitalizado. - Com quem aprendeu!?

- Com meu pai. - Respondera com a voz rouca, baixa e dolorida.

- E onde ele está agora? - Silêncio. Ambos puderam ouvir os soluços de Giulia, agora, sentada no chão, pernas cruzadas, em posição de borboleta, mãos que apoiavam o rosto, escondendo-o. O tronco curvado para frente. - Quem é a moça? - Enzo sussurrara com receio de ser ouvido por ela. Seus olhos eram impenetráveis, no entanto, mansos. - O que ela faz aqui?

- Ela é da limpeza. - Fernando murmurava, prestes a terminar o trabalho. - Tem problemas, a menina. - Giulia, lá de fora, começara a dar risinhos espremidos. - Viu??? - Fernando e seus olhos de gude arregalados fitando os do pai em seu reflexo abanava a cabeça, adivinhando as reações da mulher louca que ria e chorava quase que ao mesmo tempo, com a mesma facilidade e intensidade. - Ela é maluca.

- Por Deus! E como a deixam trabalhar aqui??? - Enzo era pura inquietação.

- Fique parado ou vou cortar sua garganta. - Agora, Enzo lançava um olhar de horror ao filho que passara a gostar de brincar com o pai. Tinha uma expressão divertida no rosto quando continuou a narrar os fatos. - Ela foi encontrada por minha mãe, no meio da rua, sem dinheiro, faminta, sem família e desde então, ela se grudou a esta casa e nunca mais saiu daqui. Um saco de menina! - Agora Giulia decididamente uivava de tanto rir, contorcendo-se sobre o tapete macio. Fernando sentia ímpetos de ir até lá e envolvê-la em seus braços e beijar sua boca vermelha, apetitosa e os seios...hummm...sempre fartos. - Por mim, jogava ela de volta na rua.

- Não diga isso! - Recriminara, com laivos de piedade em sua voz e em seu semblante preocupado. - A pobrezinha deve ter sofrido muito. - Seus olhos esquadrinhavam as paredes daquele cômodo. - Eu já estive aqui antes...

- Já! - Gritara Fernando, eufórico. - O senhor mora aqui, pai. - Enzo lançara ao filho um olhar reservado aos loucos. Inclinava-se para frente, esquivando-se dele. Observava-se diante do espelho, ora virando o rosto para a esquerda ora para a direita, apreciando a pele livre dos pelos que o incomodavam. - O senhor não se lembra? - Enzo parecia não ter ouvido as últimas palavras do filho.

- Bom trabalho, rapaz. - Usara uma voz melodiosa e os olhos que sorriam. - Seu pai deve ter sido um bom homem.

- O melhor, senhor! - Fernando segurava as lágrimas, recostado à pia, fitando-o nos olhos. Enzo estranhara o mocinho que sorria com os olhos cheios d'água.

- E qual é o nome deste homem grandioso? - Perguntara com reverência, pousando as mãos nas faces lisas e com cheirinho de loção pós-barba. Fernando hesitara. Contaria tudo para ele, ali, naquele minuto. Ocorrera-lhe que um choque talvez o trouxesse de volta. Não. Melhor não...- Estou um petardo! O que acha??? Hã??? Hein???

- Vincenzo. - Gaguejara Fernando. - Vincenzo é o nome dele. Mas, ele prefere ser chamado de Enzo. Diz ser mais curto e fácil de se falar.

- Céus! Meu nome também é Vincenzo! - Ele dera um tapa na própria coxa e rira aos gritos. - Ora bolas! Isso é que é coincidência!

- E não é que é mesmo! - Agora, ambos gargalhavam juntos, emocionados, conquanto Enzo procurasse sentindo naquela emoção inusitada. Fernando abraçara-o de supetão. Sentia saudades do pai e se fosse repelido..."Que se foda!". Enzo permanecera naquele amplexo, ouvindo os soluços, ao pé do ouvido, do menino simpático. Talvez esteja com algum problema, pensara enquanto dava tapinhas em suas costas curvadas sobre ele. Parecia um urso com todos aqueles músculos a espremê-lo - O senhor parece muito com ele. - Fernando, envergonhado, assustado, angustiado, sussurrava em seu ouvido.

- Ahh...então, além de um bom homem ele tem "boa pinta!" - Afirmara após recobrar o fôlego logo que Nando o libertara do abraço esmagador. - Quem sabe um dia a gente se encontre? É isso! - Exultara como se tivesse encontrado a cura para o Câncer. - Marque um encontro com seu pai. Eu faço questão de conhecê-lo e parabenizá-lo pelo bom filho que ele tem! - Fernando sorria entre lágrimas sem conseguir pronunciar palavra. Giulia, estendida sobre o tapete agora como uma cruz humana, era a figura da desesperança. Em prantos, jurou reverter aquela situação. - Convide-o a visitar minha casa! Minha mãe e eu fazemos questão de recebê-lo. - Nando assentira com a cabeça, arquejando, tentando controlar seu coração que dava pulos em seu peito. Volta, meu pai. - Ah! E leva a menina louca. - Cochichara ao ouvido do filho, olhos semicerrados que se viravam na direção da porta. Risos histéricos foram ouvidos por ambos, entrecortados por soluços. Fernando, então, preocupava-se com o estado da mãe de seu filho, indo ao seu encontro. - Aonde vai??? - Enzo segurava-o pela mão. - Fique. - Sua voz doce, mansa, perdida. - Gosto de conversar com vc.

- Volto num instante. - Prometera, desvencilhando-se sutilmente das mãos que sempre o apoiaram. Sorriu com compaixão. - Ela precisa de mim...

- A louca??? - Ele gritara e, impulsionado por um sentimento cuja origem desconhecia, dava meia-volta em sua cadeira de rodas e, com as mãos, fazia com que ela deslizasse sobre o chão liso em direção ao quarto. - Ué! Cadê ela??? - Ele perguntara ao filho, de pé, ali, ao lado dele e o vira a suspirar, confuso, distante. Pousara a mão forte sobre a de Fernando e com a voz grave e serena, lembrando o pai que costumava ser, dissera, num tom solene. - Não se preocupe, meu filho. Tudo vai ficar bem. Eu prometo.

- É o que eu mais quero...- Sua voz era um sussurro. Quase um gemido de dor.

As mãos que se uniam, os dedos que se enroscavam uns aos outros. As lágrimas que escorriam de seus rostos.

***

Seu melhor amigo era o seu amor. E o seu amor era o pai de seu filho. E seu filho era o neto de sua mãe. Complicado e estranho, ela pensara por segundos. Ah! Deixa pra lá. Dava de ombros, totalmente em desalinho. Caminhava pelo corredor, aérea e, vez por outra, arriscava-se num rodopio, exultando quando não tombava para a esquerda ou para a direita, chocando-se contra a parede. Vestia uma bata florida e um short ousado na altura das coxas ainda grossas e bem delineadas. O cabelo era um emaranhado de fios rebeldes que lhe conferiam um ar insano e selvagem que enlouquecia o homem com quem dormia. Essa barriga me faz perder o equilíbrio. Assim que vc nascer, meu filho, eu vou voltar a dançar. Mamãe ama dançar, sabe??? Talvez, vc também ame! E seus olhos se dilatavam num frenesi. Vc e eu dançaremos juntos e a vc nunca vai conhecer a tristeza. Afagava a barriga que já começava a apontar. Eu prometo. Beijava os dedos cruzados. Deslizava a mão delicada pela parede onde os quadros da família estavam expostos de forma magistralmente poética. O obturador da câmera soubera captar os melhores ângulos de cada membro que ela amava de paixão. Todos pareciam felizes. NÃO! Todos estavam felizes em uma época em que tudo naquela casa era felicidade. A Casa Lilás com janelas altas e graciosas que refletiam a luz do sol e trepadeiras floridas agarravam-se às paredes, entrelaçando-se e enroscando-se nas grades de ferro rendilhadas. Isso foi há tanto tempo! Ela dissera cobrindo a boca, abafando um grito de pavor. Inspire e expire. Vc não pode ser fraca. Não mais! Agora seu filho precisa de sua força. Seu filho precisa de vc. É. É isso. Meu filho precisa de mim. Então, ela parou em frente ao quadro onde o vira a sorrir jovialmente. Deveria estar com seus quarenta e cinco anos, trajando um uniforme horrendo de algum time de futebol de quinta categoria. Parecia ocupar a posição de goleiro. Ao menos, as luvas são bonitas, tio. Ela agora não parava de rir dando pulinhos com guinchos de risos. Estava em um completo desatino. São os hormônios! Afirmara de si para si mesma. Num repente, jogara suas madeixas para trás, suspirando com profundo pesar.

- Ele está de volta. - Dissera, enfática. Olhos vidrados na figura infantil de seu pai torto. - Tá! Ok...entendi. - Revirava os olhos como a discutir consigo mesma. - Não é ainda aquele tio que eu conheço e que todos amam, mas está de volta. Não é meu tio quem voltou. Eu sei. - Sua voz era tão sombria quanto seu olhar. Levara o indicador ao tampo de vidro que protegia a foto e a pontinha de seu dedo estava exatamente sobre o rosto de Enzo. Tão sonhador, tão empolgado, tão vivo! Este aqui é o meu tio. O MEU TIO! - Gritara, girando em torno de si mesma. Voltara os olhos vívidos ao tio, lá dentro, perdido no tempo, capturado pela objetiva da câmera. - Trate de voltar. Tio! Trate de voltar agora! - Cerrara os punhos, braços esticados ao longo do corpo. Suas feições mudavam a cada instante. Seu corpo todo tremia. - Volte agora de onde estiver. - Falara baixinho e tão próximo à moldura do quadro que chegara a embaçar o vidro. De imediato, desenhara um coração ao redor do rosto dele. Cerrara os olhos e sentira uma força extraordinária a lhe tomar por inteiro. E um calor que lhe aquecia e beijava suas faces agora com uma expressão altiva. - Eu invoco as forças da Natureza! Da Água, do Ar, da Terra e do Fogo e peço...imploro que o senhor ache o caminho de volta, meu tio. - Sentira um arrepio a percorrer todo seu corpo e não soubera explicar o porquê daquelas palavras. Apenas dissera o que lhe vinha à mente. - A Terra é meu corpo. A água, meu sangue. O Ar, minha respiração. O Fogo, meu espírito. Venha, meu tio. - Repetira por três vezes seguidas estas frases enquanto seu corpo se mantinha ereto, braços levemente erguidos, mãos que se curvavam para cima, e os cabelos que se moviam ao sabor de uma doce brisa que invadia a casa pela porta aberta da sala de estar, passando entre os móveis, chegando ao corredor, atingindo-a em cheio. - Venha de onde estiver. Eu suplico, eu comando, eu ordeno. Fire is my spirit. Water is my blood. Earth is my body. Air is my breath. Fire is my spirit. Fire is my spirit. FIRE IS MY SPIRIT! - Um berro longo e agonizante antecedera o silêncio profundo. - Está feito.

Assustara-se com o estouro do que parecia ser algum objeto pesado, de vidro, caindo sobre o chão da cozinha, logo à sua esquerda. Sem desviar os olhos da figura do tio, erguera os cantos da boca e um sorriso secreto emoldurou seu rosto agora tranquilo.

Morgana Milletto
Enviado por Morgana Milletto em 12/10/2019
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