33 — Esperança


Lara ele pediu autorização para dar um passeio com você, disse a enfermeira que com cuidado retirava a medicação venosa nos meus braços.
— É claro se você permitir, você tem meia hora para isto, seu estado de saúde é grave não podemos abrir exceções, esse passeio se limitará a uma volta no corredor até o salão.
Sim, relembrava bem do salão cujo qual a enfermeira fazia menção. Ficava um pouco constrangida, iria rever o Tomás a sós de um modo inusitado, mas a enfermeira imaginava que precisava daquele momento, por isto ela disse:
— Vamos menina, animo! um pouco de ar puro, seu namorado te espera na porta. Pensei em interromper ela e dizer: -Não é o meu namorado, mas pareceu-me tão bom ouvir aquelas palavras que nem me importei.
— Quer ajuda? Disse ela, já terminei aqui, sitando ter terminado com a medicação que retirara do meu braço, por uma boa causa fico com você mais um pouco.
Ela escovou os meus cabelos, e eu amarrei, fui interrompida com ela dizendo:
— Seu cabelo é lindo, deixe-os soltos, retirou do bolso um brilho labial falando deste modo:
— Passe, seus lábios estão ressecados vai que precisarás dar uns beijinhos.
Imaginei a cena que fez eu ficar mais animada: -Vai que eu dou uns beijinhos... A doença me tirara essa sensação gostosa de namoro, sabia que o Tomás fez muitas coisas que me magoaram, mas estava certa de perdoar, afinal ele é o pai do meu filho e também não sei quanto tempo vou suportar...
— Você esta linda, disse a enfermeira, essa barriguinha de gravida, da-lhe um charme todo especial, sente aqui, e colocou uma cadeira de rodas. Pode até caminhar um pouco mas evite grandes distancias. Do corredor ao salão social.
A enfermeira abriu a porta e disse: -Pronto príncipe sua princesa esta lhe esperando ao passeio.
**
— Olhei a Lara, ela sentada naquela cadeira de rodas, somente pude pensar no quanto eu fiz ela sofrer. A Lorena falou para não contar sobre a aposta e sobre coisas do passado. Falou-me assim: — Focalize no futuro, e realmente o futuro seria grandioso: — Seria um pai agora.
A Lara estava com os cabelos soltos do mesmo modo que a conheci, ela olhava fixamente meus olhos dizendo-me: — Meu Deus, que olhos lindos, sempre escutava essas palavras, mas vindo da sua boca, foi especial. Fiquei meio sem jeito, a minha aproximação era por conta de uma aposta, sentia que suas palavras eram sinceras. Olhava a Lara sentada com seus cabelos soltos ao ombro, logo disse:
— Vamos? Ela retribuiu dizendo: — Vamos sim Tomás, só poderei passear nesta ala do hospital.
Carregava a mãe do meu filho pelo corredor do hospital ela disse que por precaução precisava movimentar em uma cadeira de rodas.
Lara olhava para frente pensativa...
— Promete para mim que cuidará do nosso Davizinho. Parei de empurrar a cadeira ficando na sua frente:
— Você vai passar por essa e vamos nos casar.
Nossos olhares se entrelaçaram o que cortou aquele encanto foi a frase que veio depois.
— Você quer casar comigo, por amor ou por dó de uma doente terminal?
Agora abaixei ficando do mesmo plano que a Lara:
— O que é isso Lara? Para mim você continua a mesma menina cheia de vida que conheci, agora mais madura e a gravide te fez uma mulher especial.
Ela olhou retribuindo o elogio com um sorriso, já estávamos no salão, bem agradável, muitas plantas em um canteiro interno e uma parede de vidro que demonstrava a vida de um jardim.
— Um lugar belo, em um lugar de apreensão, disse Lara levantando-se da cadeira, eu a ajudei apoiando e sentindo aquela mulher perto de mim, no instante que colocava no banquinho, olhei-a e ela retribuiu o olhar, fechei meus olhos e era inevitável o que iria acontecer... E aconteceu, beijei-a com muito amor, sentia seus lábios tenros e macios. Nossos corpos se uniam naquele beijo, desajeitado parei de beijar e ela fez um: — Aí.. Tinha dado mal jeito retirei uma almofada que estava na cadeira de rodas e coloquei para amparar as suas costas sentamos e ficamos olhando horizonte daquele jardim...
— Agora vejo o quão importante foi você na minha vida... Ela olhou-me e respondeu: — Pelo filho seu que espero? — Não por ter me trazido a Deus. De um modo todo especial acabei aceitando a Jesus como o meu salvador naquele culto, sinto que todos os caminhos me levaram a aceitar a Ele, e a reconciliar contigo...
**
— Boa tarde, fiquei sabendo que a sua filha saiu dar um passeio com um rapaz, aproveitei este momento para convidar-te para conversar sobre o tratamento que ela passará daqui para frente.
— Sim Doutor pode dizer como será.
— Bem o primeiro passo é assinar esses papeis, que em outro momento a Lara assinou, você estará concordando com a recusa de tratamento mais eficaz para combatermos a doença que acomete sua filha. Lembrando que ela recusou a este tratamento, para preservar a vida da criança.
— Certamente doutor, respeitarei a decisão da minha filha.
— Mas preciso te alertar que o caso da Lara é grave, o melhor no caso dela é o transplante de medula ósseo, até agora não foi encontrado compatibilidade em nenhum banco de medula, e vocês não podem ajuda-la tendo em vista que também não são compatíveis.
Dona Neide escutava atentamente cada palavra do doutor, todos os estágios psicológicos possíveis ela já passara em silêncio, primeiro ela negava-se em aceitar que a sua filha estava doente, depois orava incessantemente a procura de um milagre urgente, e agora ela estava querendo confiar na medicina na capacitação do médico.
— Bom Dona Neide, como bem sabe, a Lara esta grávida, vamos manter até onde der a gravidez dela, administrando a quimioterapia de modo oral, evitando assim que isto comprometa o bebê. Mas este método não é aconselhável, é um cano de escape para deixarmos seu neto desenvolver-se até quando for necessário. Iremos monitorar o nível do câncer no seu sangue, quando chegar a um nível limite, teremos que submeter a sua filha a uma cesária prematura. Iremos tentar manter esta gravidez até o sétimo mês.
Dona Neide agora escutava as palavras com agonia, não era fácil entender o que iria por vir. -Doutor, eu confio a vida da minha filha e do meu neto em suas mãos, faça o que sabes fazer, Deus lhe capacitou para salvar minha filha e o meu neto, tudo que for para o bem de ambos terá o meu total apoio.
Terminava a consulta com o Doutor Lorena e Iasmim esperavam ansiosas na sala de espera. Perguntando: — E aí, quais são as notícias? Dona Neide olhou as mulheres e disse com um olhar bastante abatido: — Onde há vida há esperança, nossa Lara e o Davizinho irão daqui em diante enfrentar uma forte peleja, precisamos ampara-los da melhor maneira possível precisamos ser o porto seguro para a Lara e para o meu netinho. Se tudo correr bem. Lorena interrompia dizendo: — Lógico que tudo ocorrerá bem, em nome de Jesus a Lara vencerá essa. E a Dona Neide disse: — Se tudo ocorrer bem Lo e Iasmim, teremos que cuidar do Davizinho, falava isto já chorando, pois a minha filha estará muito enfraquecida por conta desta moléstia...
E a Dona Neide disse: -Se tudo ocorrer bem Lo e Iasmim, teremos que cuidar do Davizinho, falava isto já chorando, pois a minha filha estará muito enfraquecida por conta desta moléstia
Você aceita casar-se comigo?
O tratamento da paciente Lara foi se desenvolvendo, a mesma sofreu bastante com os efeitos da quimioterapia oral que lhe foi proposto, a equipe designada ao caso Lara deixaram acordado com ela de acompanharem os níveis do câncer no sangue da paciente sendo assim levariam até o limite. A literatura médica demonstrou que era possível algum êxito deste modo. Porém a equipe médica a todo o tempo demonstrava a Lara e aos familiares a realidade da situação da Lara ela ciente por estar passando por um tratamento alternativo estava atenta para todas as possibilidades. Sendo a menos agradável, mas real a uma paciente com leucemia aguda, a morte.
Isto preocupava muito a Lara os familiares e agora também ao seu namorado Tomás que a partir de então era muito presente seja todos os dias a tarde no hospital seja em ligações constantes para a sua amada. Tomás começou a ser mais responsável e desenvolveu-se bastante na oficina. Lorena e André sempre estavam presentes no hospital tal como a Tia Iasmin e a Dona Neide. O pai de Lara também demonstrava-se atencioso em ligações e intercessão, sobre intercessão foi uma comoção generalizada todos sentiam pelos familiares e Lara tornava-se cada vez mais conhecida pelo seu drama e também o ato de altruísmo e entrega. 
No entanto. Os níveis do câncer subiam a quase o limite o que fez a equipe médica ficar em estado de alerta. Lara acabara de entrar no sétimo mês de gravidez. Certa manhã a psicóloga bastante educada porém realista alertou sobre o quadro de saúde e o que esperava Lara, a Dona Neide estava presente quando ela pronunciou a notícia:
-Lara o nível do câncer no seu sangue esta chegando no limite, a equipe médica agendou sua cesária emergencial para semana que vem, precisamos te alertar que será uma cirurgia complicada, por se tratar de um bebê prematuro, o corte incisivo será vertical.
E continuava:
— No entanto ato em si já demonstra risco para uma mulher em perfeita saúde cara Lara, imagine à você que esta passando por um tratamento intensivo onde seu corpo esta debilitado, devo informar a você e a sua mãe que é a representante legal, que o parto envolve riscos de morte, você precisa ser uma guerreira para vencer essa luta Lara.
Lara contia a emoção evitando chorar, Dona Neide não aguentava e começava a chorar ao escutar tais considerações: -Minha filha doutora, minha querida filha pode partir semana que vem.
Lara e Dona Neide, assinavam vários termos de compromisso e autorizações, estava tudo certo a cirurgia seria semana que vem. O Doutor veio e examinou a Lara, aumentando um pouco o nível de remédios. Agora só com a psicologa ele conversava sobre as alternativas do caso Lara:
— Graças a Deus os exames sobre o bebê estão de acordo com o que era previsto, mesmo com a bateria de remédios, o bebê reage bem. O que me preocupa é a mãe que esta bastante debilitada o estado de saúde dela é preocupante para uma cesária.
— Mas é a unica alternativa doutor?
— Infelizmente é a unica alternativa, os níveis estão quase no limite, a menina assim que sair da sala de cirurgia terá que ser internada na UTI e induzida a uma série de remédios e a tão temida quimioterapia. -Precisamos reverter o seu quadro.
Os dois sentavam no salão social que outrora Lara e Tomás se namoravam, o Doutor confessava alguns procedimentos que seriam impostos a Lara.
— Existe uma pequena esperança de cura para a moça que iremos tentar assim que o parto ser bem sucedido.
— Qual?
— Bem companheira de trabalho, na literatura médica demonstra que existe uma pequena chance do cordão umbilical do bebê ter as células troncos e estas serem compatíveis com a mãe.
— Meu Deus, isto seria ótimo, o próprio filho salvará a mãe.
— Se vermos por estes termos seria ótimo, mas a chance da compatibilidade é de apenas vinte e cinco porcento.
— Nossa tão pequeno?
— Sim, por isto não é nem interessante criar uma esperança na moça e na família para uma futura frustração, vinte e cinco por cento é muito baixo a possibilidade.
— Isto é verdade Doutor.
— Vamos tentar este procedimento, não contando para os familiares esta chance de cura para não frustar a família e a moça. O mais grave Psicologa é o parto o ato em si já será um grande desafio pela complexidade do quadro clinico da paciente. As chances de sucesso em uma situação desta já são bastante pequena. E outra coisa que consideramos aqui no hospital é o fato do caso da moça já tornar-se público, a imprensa esta acompanhando e toda a semana precisamos dar parecer oficial. Enfim doutora cuide do estado psicológico da nossa paciente que o quadro de saúde esta sobre a minha responsabilidade, irei acompanhar de perto este caso, o hospital esta dando exclusividade estes dias pois estamos vivendo os dias mais tensos cuide dela.
E finalizavam a conversa...
***
De tarde como habitual, Tomás veio visitar a Lara trazendo-lhe flores, ela contou o que a Doutora lhe contara outrora, ele escutava atentamente. Lara estava liberada para sentar e era algo necessário uma vez por dia para melhorar a circulação, e ela deixava para fazer nos momentos que Tomás a visitava, era de lei, ela se arrumava e esperava o namorado que graças a Deus estavam se entendendo e Tomás aprendeu amar a Lara.
— Amor, sinto por tudo que lhe fiz sofrer, hoje eu vejo o quanto fui infantil contigo, hoje olho para você neste hospital e percebo que era pra mim estar neste lugar, você não merece sofrer tanto.
Lara escutava as palavras do Tomás que sentava na sua frente e passava as mãos nos cabelos de Lara que ele observava começarem a cair lentamente fio a fio.
Lara estava bastante tensa, contou ao Tomás que a cesária já estava marcada e seria um nascimento prematuro o do Davizinho, Tomás escutava, ela contava a apreensão que uma cesária envolve mesmo para quem esta em perfeita saúde, e sobre o seu caso pela debilidade do seu organismo o procedimento poderia ocorrer a morte ou dela ou do Davizinho, Lara falava isto passando a mão no seu ventre. Neste instante chegava Lorena Dona Neide para visitar a Lara escutando a conversa e vendo a atenção do assunto preferiam ficar na porta que estava entre aberta. Os dois estavam muito atentos um no outro num relance surgiu da parte do Tomás a proposta.
— E se nós casássemos essa semana?
— Casar? perguntava Lara surpresa e esboçando um sorriso.
— Sim casar Amor, quero te ver feliz nestes dias esqueça tudo o que disse sobre morte: -Que coisa ein? Vamos casar essa semana, daí você terá outra coisa a se pensar. A não ser que não queira casar comigo. Ele falava deste modo seus olhos azuis ficavam lacrimejosos e eu ficava sem ação, amava-o sempre o amei.
— Mas nós nem noivamos, nem temos aliança, disse a Lara, Tomás olhava frenético de um lado para o outro encontrou o ramo de flores alguns arbustos que pareciam ser manipuláveis e começou:
— Não seja por isto:
Lorena e Dona Neide sorriam de assistir a cena, fazia tempo que não viam a Lara sorrir.
Meio desengonçado o moço conseguiu criar duas alianças de madeira com os arbustos que eram parte da decoração do ramalhete te flores que trouxera para a Lara.
— Agora só falta o pedido não é?
Lara meio sem ação falou já emocionada: -Fa-a-lta né, as duas espiãs sem querer foram descobertas entrando porta adentro.
— Opa é melhor assim, testemunhas do meu pedido de casamento a Lara. Tomás se ajoelhava na frente daquela cadeira, onde Lara confortavelmente escutava cada palavra daquele moço.
— Lara, aprendi a amar você, sei que não mereço o seu amor, mas te peço, não te suplico, casa-se comigo, quero você como minha mulher por toda a vida. Quero constituir uma família contigo, quero envelhecer com você. Amar-te e te respeitar até o final da minha vida.
Lorena e Dona Neide escutavam as duas se emocionavam de ouvir tal pedido.
O moço colocava a aliança que acabara de fabricar. — Você merece, ouro diamante, mas você terá o meu amor eterno, aceite essa aliança como prova do meu amor, como prova do nosso compromisso.
Lara colocava a aliança sorrindo e chorando, e disse: -Aceito sim amor, te amo do fundo do meu coração sempre te amei, dês do momento que vi seus olhos azuis reluzirem em mim. As circunstancias que me encontro não retiram em nenhum momento o amor que sinto por você.
Colocava a aliança no moço, que por ser maleável de galho ficou perfeita no dedo de ambos. O beijo foi inevitável longo, pareciam estar em outro lugar. Lorena e Dona Neide ficara constrangidas, era um momento todo especial. Depois do beijo veio o abraço, Tomás dando risadas disse: — Peço perdão Dona Neide, deveria pedir para O pai da Lara e a você autorização, mas o momento foi perfeito, era agora. Dona Neide sorria chorando, disse: -Sim moço o momento foi perfeito e realmente era para ser agora.
Lorena olhava os dois e ficava contente por não contar aquele fato que tanto entristecera pensou: — Esse moço já teve uma lição na sua vida, irá respeitar e amar a Lara e o Davizinho, quem sou eu pra estragar a felicidade alheia: Logo disse: Você acha amiga que vou deixar você casar antes de mim?
Casaremos juntas, quando marcar a data eu caso com o meu feiosinho amiga. Lara riu, era muita felicidade, naqueles momentos sem dúvidas esquecera da doença que a acometia.
E eu mesmo costurarei estes vestidos com a ajuda da sua tia Iasmim.
Lara vivia um sonho, eram tantos pesadelos, que sim era gostoso sonhar.

 
Waldryano
Enviado por Waldryano em 03/08/2019
Código do texto: T6711857
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