27 — Um culto que eu não me esqueço
Essa roupa esta ótima Lo, porque tanto você troca esse vestido, se você trocar mais uma vez eu é que não vou na igreja hoje, vou ficar ajudando a tia com as costuras. De graças a Deus que tudo lhe cai bem, pense eu, que tenho que viver de batinhas, e vestido de malha, mas não entendo por que ir tão arrumada nesta igreja simples aqui do bairro.
Não tinha contado para Lara mas fui fraca, sim, escrevi o endereço da igreja, e deixei no balcão do André, queria ver se ele iria, mas meu coração dizia forte que ele vai.
— Pense Lo, que amor esse do André por você? Se dispor de sair da capital para vir morar nessa cidade de interior, e pelo que entendi até montou uma mecânica para estar pertinho de você amiga.
— É, montou né...
— E aí, vai dar uma chance pra ele?
— Não sei me magoei demais com aquele lá. Olhava a Lara se arrumando e imaginava o quanto foi sofrivel para ela aquele dia quando o Thomaz largou dela, e ela nem sabia que fotos dela estavam rolando naquele nojento grupo.
— Mas diga Lorena, você sempre se esquiva, o que tinha de tão errado neste celular do Thomaz, que fez você terminar um noivado? Você não conta, fico roendo as unhas de curiosa.
É claro que eu não iria nunca contar, era uma informação que só ofenderia a Lara, fora que ela poderia ter uma recaída, poderia até perder o bebê, que nervoso em saber que teve a intimidade exposta, daquela maneira.
— A não é nada demais até estou esquecendo, ajude-me com esse ziper, vou com este verde. — É amiga esse verde esta lindo realça a sua pele, vamos rápido pois o culto já vai começar.
Chegamos na Igreja, e sentamos, a Lara quis sentar nos bancos da frente, eu insisti queria sentar mais atrás, a Lara disse que queria ouvir a mensagem com atenção, mas eu estava bem desatenta, queria ver se ele vinha para o culto.
— Lorena, que tanto você olha pra trás, presta atenção no culto.
Não aguentava olhava queria ver se o meu feiosinho apareceria no culto, passava várias coisas na minha cabeça...
— Será que eu dei o endereço certo pra ele?
— Será que peguei pesado com ele, nossa até abaixei o semblante e fiz mentalmente uma oração.
— Que feio Lorena, destratando o André daquele jeito, fiquei sem graça por você aquele, dia.
— Olhe será que isto foi um chute. Dei uma risada coloquei a mão no ventre da Lara e disse. — Só eu sei o que ele fez amiga, não vou ficar comentando isto aqui pois é lugar sagrado, estamos na casa do Senhor.
— Bem lembrado guria, então olhe pra frente para com essa mania de olhar para trás que os irmãos estão reparando.
**
— Você vai comigo, junto, vai pra igreja sim...
— Não sei André sei lá, não gosto muito de igreja...
Mas vai aprender a gostar se quiser continuar morando aqui comigo, é bom que você senta lá quietinho e fica pensando nos seus atos.
— Que coisa, esse dinheiro que conquistou expondo aquelas gurias lhe custou caro. Agora parece um fugitivo. Não seria melhor começar pedindo perdão a Deus pelos seus atos...
Realmente o que eu fiz foi errado, agora ligava pra minha mãe para saber se a minha barra estava limpa, e a minha mãe disse que o assunto se alastrou para todos os lados, o que era um pai correndo atrás de mim por causa da filha se multiplicara por quatro, minha mãe aconselhou aguentar as pontas e não botar o pé por lá por um bom tempo, até mesmo a minha mãe estava contra mim, disse que não enviaria a ajudinha que estava enviando, pois não criara filho pra ficar humilhando mulher.
— André eu lhe agradeço por me ajudar, mas não seria a hora de conversarmos sobre salário.
André olhava para Thomaz, segurava a mão dele e disse assim:
— Como assim salário? Já estou te escondendo aqui, dando comida e abrigo, e suas mãos amigo são muito finas para um mecânico, esta em período de teste.
— O que acha dessa roupa estou alinhado? Não entendia o porque dele ficar se empetecando para ir na igreja, penso eu ser um simples culto.
— Penso que para um culto tá ótimo, mas eu não tenho Bíblia.
— Largue mão de ficar buscando desculpa caro Thomaz, se é por Bíblia, foi num balcão e buscou embaixo de umas revistas... Tome essa era do meu pai, vá com ela embaixo do seu braço alias vou te deixar emprestado para ler ela.
— É bom pois as vezes o tempo demora passar por aqui, af,... Eu era feliz e não sabia...
— Eu era feliz e não sabia, boa, eu tambem era feliz com a minha morena e apareceu você na minha vida e estragou tudo, que horinha ein? deixar um grupo daquele no meu celular só pra queimar meu filme...
— E esse perfume óh? Olhava para aquele feioso, nem que enchesse de gel aquele cabelo continuaria parecendo um ogro mal vestido.
— Perfume? Até parece que vai ir ver alguém...
— Até parece, e tirava o excesso de perfume...
— Que coisa forte isto, limpe essas unhas que fica melhor.
Realmente sempre esqueço de limpar minhas mãos, e acabo saindo embaixo das unhas cheio de graxa. Olhei para o almofadinha do Thomaz e disse brincando:
— Passe um pouco de graxa vai que encontra alguma moça que goste de trabalhador.
Olhava para o espelho e percebia que estava a tempos sem ver uma garota, e era um galanteador incurável, estava tão entretido com aquela mecânica que nem sai para ver a vizinhança.
— Pra você é fácil não é? Nem precisa se arrumar... Mas conselho faça essa barba...
Depois de um certo tempo os dois já rodaram umas duas vezes o quarteirão se perdendo entre os endereços, a bordo de um fusca que tinha ficado na oficina para arrumar.
— É aqui André, olhe a placa, só pode ser aqui...
Vamos entrar mas eu quero sentar bem no final nunca fui em uma igreja evangélica.
Meu coração estava na mão, não sabia explicar, iria ver minha morena, e também como disse ela iria ter uma chance de demonstrar a ela que havia mudado.
— Não sei que graça de ir em igreja, af...
— Thomaz, vou voltar a congregar, e se quiser continuar morando na minha oficina, vai ter que vir comigo, pois quero mudar de vez de vida, eu quero casar, tava até noivo, olha... Mostrava numa correntinha as alianças, tive que revirar o asfalto pra encontrar as alianças que a minha morena atacou o dia que terminou comigo.
Agora só quero acertar a minha vida, e não quero ninguém para atrasar o meu lado. Na realidade o André tinha uma forte esperança de mostrar ao Thomaz a Lara grávida, ao acaso, outro motivo para levar-lo a igreja a tira colo, pensava que olhando assim, no susto, faria o Thomaz crescer alguns anos sua mentalidade de galã cafajeste que só quer curtir a vida, e demonstraria o quanto uma menina necessitava que ele crescesse e assumisse o que fez.
— É aqui mesmo, vamos procurar lugar.
Ao adentrar os porteiros ficaram entusiasmados, pois eram dois jovens visitantes, coisa raríssima de se ver naquela igreja. Perguntou o nome:
— O meu é André, e o dele é Thomaz, não somos de nenhuma igreja não, eu frequentava sim uma igreja evangélica, mas não sou batizado não.
— Podem ler o nome de vocês lá na frente na hora da apresentação?
— Po-o-pe... Fiquei um pouco com vergonha de imaginar ter meu nome lido na frente, parecia um dia de festa a igreja tinha bastante gente, sentamos e eu? Só procurando minha morena com os olhos...
O dia em que eu aceitei Jesus como o meu Salvador [parte 1]
Sempre tive tudo do bom e do melhor, minha mãe sempre me mimou com muito amor e carinho. — Meu pai? mesmo sem ser permitido, liberava o carro pra mim dês de cedo, aos quinze anos já desfilava pelas ruas próximas de casa com seu carro do ano.
Meus olhos azuis herdei do meu avô, um azul claro, não sei explicar mas se olho no fundo dos olhos das garotas elas inexplicavelmente sorriem pra mim, e um sorriso, abre portas para conversas, e sei lá, parece que as coisas se tornam fáceis para mim.
Tinha casa, um quarto só pra mim, por comodidade tinha um quarto que era anexo a minha casa, e isto facilitava bastante,aos 16 anos era um entra e sai de garotas por lá, mas mesmo assim eu não era feliz, não era aquele carro, aquela boa mesada, nada daquilo que me deixava contente, sentia um vazio, e no silêncio, logo após deitar com mais uma garota, enquanto ela dormia, olhava-as, sempre fazia assim, e pensava.
Essa garota algum dia terá um marido, e não será eu e será muito feliz, essa felicidade que estou proporcionando a ela durará uns dias e nada mais, saia escovava os dentes e continuava pensando que algum dia surgiria uma moça que me tiraria daquela vida. Voltava a deitar, e a rotina de gandaia continuava, sempre surgia uma nova conquista. E aos meus amigos era o conquistador, me provocavam diziam:
— Duvido que aquela Thomaz você pega. — Duvida? Eu gosto de apostar, quero começar a andar com o meu próprio carro. Apostar, gostei da ideia, essa aqui, e sempre surgiam uma santinha pelas nossas redondezas que falavam ser a intocável. — Intocável?
É por que não sentiu a fascinação que os meus olhos azuis proporcionam. Alguns galanteamentos chavões eram a minha marca registrada tipo este:
— Seu pai é ladrão
— Aí que horror por quê? Porque roubou duas estrelas do céu e colocou nos seus olhos. Dai como automático, rolava um:
— Olha quem fala, depois rolava aquele olhar nos lábios e o beijo, e cá entre nós beijo muito bem. Um dia surgiu uma conquista diferente, na realidade um desafio, e as apostas estavam cada dia maiores, eu falava aos amigos:
— Será? Ela é a filha do pastor, pelo que sei essas evangélicas são sérias, nunca que conseguirei fazer a prova para ganhar essa grana. Pareceu aos membros do grupo uma provocação, e a mim brilhava os olhos dos lances que surgiam, era muito dinheiro, compraria o meu carro, pararia de usar aquele 'calhambeque' que vivia na oficina, nestes tempos conheci o cara mais feio que já encontrara em toda a minha vida. Risos, não era tão feio assim, mas para o necessário ele era bom, cuidava do meu carro velho.
E as provocações eram constantes, parecia que só aquela moça interessava ao grupo, diziam que ela não conseguiria.
Falei-lhes assim:
— Paguem adiantado que consigo a prova que ela não é nenhuma santa. No conversar do grupo falavam:
— Essa você não consegue, evangélicos são castos, esperam o casamento para se relacionar. Andei pesquisando e conversando com os amigos, minha mãe também falava:
— Moças evangélicas que se dão ao respeito não deitam com rapazes antes do casamento. E eu dizia.
— Que coisa mais antiga, hoje tem métodos...
Não é por métodos, é por respeitar o corpo. Você sabia que até os católicos tem este respeito. Dava risada e dizia: — Nunca vi isto, hoje em dia a repressão acabou. E continuavam me provocando e eu só fazia as apostas subirem, e eu dizia assim: — Paguem me adiantado que até dou um prazo para essa filhinha de pastor se entregar, colocarei como de costume sua roupa intima aqui para o prazer de vocês. Conheci a tal moça, tinha um prazo, já passeava com a minha tão sonhada caminhonete, meus pais ficaram maravilhados, pois menti dizendo que guardara toda a mesada que eles me davam dez dos treze anos de idade. Meu pai dizia: -Orgulho do papai, além de bonito, conquistador, sabe lidar com o dinheiro. Vivia uma mentira, não sabia néca de pitiquiricas lidar com a grana, gastava desenfreadamente e vivia emprestando dinheiro, conseguir comprar aquela caminhonete foi um achado, só precisava provar e seria minha por completo.
A prova? Foi na festa de uma tal de Carla, outra que já havia pegado, essas gurias são todas fáceis, me assustava com a hipocrisia que rola destas que se dizem santas: — Para mim não existe santa, existe um mal papo, um beijo ruim, assim vejo: -Na casa da Carla, você me dará uma prova do seu amor. — Mas eu sou a filha do pastor, esqueceu, ela falava com um sorriso que me dizia: -Continua que será fácil. — Tudo bem, se não me ama, entenderei, mas se me ama, gostaria desta prova de amor e será na casa da Carla. Ela me olhava:
— Você não sabe o que esta me pedindo, mas eu emendava um outro beijo calando-lhe de modo romântico a boca, nossos corpos entrelaçados, meu olhar fascinante, sabia que o que lhe pedisse me seria dado, isto era notável. Thomaz, como lhe amo. Olhava para ela e pensava que facilidade retiro o :
— Eu te amo da boca das gurias. Eu também te amo, somos perfeitos, precisamos estar juntos pra sempre:
— Pra sempre? Falar pra sempre e eu te amo, abria todas as portas que precisava, aquela menina estava no papo.
— Sim pra sempre é pouco tempo quando estou com você. Ela era um pouco recatada, diferente das outras que já havia passado por mim, mas o carro novo ajudou, os amassos eram facilitados dentro dele, e outras facilidades surgiam, mas mesmo assim as coisas eram difíceis com ela, bem que a minha mãe dizia:
— Essa menina é diferente, e eu observava a cada dia, e isto só deixava o meu desejo de chegar aos finalmente aumentar, e o prazo estava quase se findando, e eu precisava fazer o que era necessário. E fiz, da maneira quase que automática, naquela cama da mãe da Carla, e todos os chavões que sempre usava com as outras, caiu perfeitamente como uma luva com ela.
— Você escreveria na sua roupa intima, com batom uma dedicatória pra mim? Com o quê? Com batom horas? Mas eu não uso batom...
— Espere aí, fui abri o guarda roupas da mãe da Carla. A mãe e o pai da Carla viajaram e deixaram a casa pra aquela festinha...
— Tome, escreva... Mas eu tenho vergonha... Você não me ama? Claro que eu te amo Thomaz, escreva será mais uma prova de amor.
Ela escreveu, depois tive que fazer com ela o mesmo fim que fazia com as outras, já rolava um novo nome para a minha lista, tão instigante quanto esta que esta ao meu lado, a filha do delegado. Conseguindo 'a prova' lhe entreguei para a vida. Terminei com ela. Fiz quase como no automático, já estava bom nisto. A nova conquista estava por vir precisava ser rápido...
— Thomaz o que você tanto pensa? posso saber?
— Sabe André, depois que me aconteceu com a ultima garota, sinto que prejudiquei, menti, enganei.
— É realmente você era um tremendo canalha, até a filha de um pastor você se relacionou, sente saudades dela?
— De quem da Lara?
— Sim, da melhor amiga da minha amada Lorena, que perdi por sua culpa..
Ficávamos agora quieto, tinha sentado mais gente no banco, e a igreja começava a ficar lotada.
— Parece que esta havendo alguma festa pro aqui...
É você consegue ver a Lorena...
— Por quê? E o André contou-lhe a história. — Toma-lhe jeito André, vindo na igreja por causa de mulher. Não, não é só por isto, é porque o vazio que eu sinto, somente Jesus preencheu, preciso me reconciliar com ele, A Lorena me trás pra perto dEle. É ele o meu Salvador...
Quando ele falava assim, lembrava da Lara, que insistentemente pregava pra mim, eu não entendia direito, mas escutava, precisava daquela menina, e ela era insistente, entrava por um ouvido e saía pelo outro, só prestava atenção quando ela falava do vazio, que só é preenchido com Jesus, e esses dias cuidando da oficina, tendo perdido tudo, aquela palavra Vazio, surtia um sentido todo especial no meu ser.
— Se houver oportunidade, André, Quero aceitar a Jesus, como é isto? No final do culto o pregador faz um apelo, quem quer aceitar vai lá na frente de joelhos e aceita. Se houver eu vou me reconciliar, isto pra mim já é certo...
O culto continuava, chegou a hora de anunciar os visitantes...
— Será que vão ler os nossos nomes lá na frente? Tudo indica que sim, né, pediram o nome, certamente que lerão...