O diário de Ana Capítulo III

Carlos saiu apressado rumo a faculdade, chegou rápido, também porque era apenas duas quadras de sua nova casa.

Chegou no portão respirou fundo e entrou, aquele primeiro passo adentro a faculdade era sinônimo de nova vida. De repente ouviu uma voz la no fundo de suas entranhas dizendo:

-Você não vai ser nada na vida Carlos, nem adianta tentar, você nunca vai conseguir. Os olhos de Carlos se viram lacrimejados perante esse dejavu que vira tão real em sua mente.

Isso se referia ao seu severo pai adotivo que por muitas vezes lançou sobre Carlos palavras malditas, e seria sim, por estas e tantas que ele era tão pessimista com o mundo ao seu redor e consigo mesmo.

Bom, passado esse impacto Carlos respirou novamente e entrou portão a dentro logo ao entrar avistou uma moça sentada no pátio e que era de uma beleza estonteante, cabelos encacheados, olhos amendoados e sua boca possuía um tom de vermelho aveludado. Carlos era muito destraido por isso mal se deu conta que a moça se levantara e já estava caminhando em sua direção e logo em seguida escutou um balbucio de uma voz angelical dizendo:

-Boa tarde, você é novo por aqui?

O tom daquela voz ecoou no mais profundo interior de Carlos que não soube responder nem que sim ou não. De súbito conseguiu expressar oi, um pouco rouco, na verdade tenebroso. Por que era assim que ele ficava com qualquer surpresa e também porque era muito medroso e introspectivo, por isso não imaginava de onde tirou forças para dizer:

-Si-sim, sou novo por aqui.

-Bem vi, conheço muita gente por aqui e você eu nunca tinha visto, então, seja bem vindo a faculdade Victor Meirelles, uma das faculdades mais renomadas do Brasil.

Carlos ficou estagnado com a expressividade da moça e como ela se articulava bem, pensou, muito diferente de mim, porém gostou da ideia, se sentiu a vontade.

Carmen aproveitou a deixa do rapaz e foi mostrando- lhe o lugar, as salas de aula o refeitório, enfim, todas as repartições.

Carlos ficou pensando, será que ela estuda aqui, será que é uma voluntária? Mais tarde descobriria que Carmem era filha da cantineira e que sua mãe trabalhava na faculdade desde que essa foi inaugurada, daí a explicação de Carmen conhecer todo prédio e também por que praticamente cresceu naquele lugar e agora com dezenove anos já havia feito o vestibular para cursar a faculdade, mal sabia Carlos que os dois se esbarrariam todos os dias nos corredores.

Enfim, no final Carlos se despediu e agradeceu tamanha acolhida, e foi andando em direção a secretaria, pediu o cronograma das aulas e confirmou que o início delas seria dali uma semana. Então, se dirigiu rumo a portaria e saiu apressadamente para casa pensando em retomar a leitura do diário.

Continua...

Patrícia Onofre
Enviado por Patrícia Onofre em 17/12/2018
Reeditado em 03/08/2021
Código do texto: T6529030
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