SAGA II

Era época de política, o pai do menino, homem austero e influente, participava ativamente dos movimentos políticos, era do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Tinham orgulho dele; abastecia as padarias e olarias com lenhas, tinha um serviço de alto falante e sociedade no cinema local. Às tardes, perto do por do sol, quando os trabalhadores estavam voltando para casa, a maioria trabalhadores rurais, podiam ouvir: “Ao som do prefixo musical que ouvem, entra no ar o mais completo serviço de publicidade radiofônica de Lobato! Caros ouvintes queiram aceitar a minha cordial boa tarde! A música dignifica, sensibiliza e ajuda a moldar o caráter humano. Se você gosta de música, escolha uma de sua predileção e mande-nos um bilhete que nós o atenderemos com imenso prazer.” O menino ouvia orgulhoso, era como ter um pai artista global. Aos domingos assistia aos filmes no Cine Marabá. Os do “Gordo e o magro” e “Mazaropi” eram os preferidos da criança. Cinema não era coisa desse mundo, era uma maravilha sem igual, era simplesmente surreal. Ele ficava a semana todinha na expectativa de duas horas de entretenimento. Sua irmã mais velha coordenava as ações: colocava de graça, para dentro do cinema, os seus amiguinhos menos favorecidos; tantos quantos ela conseguisse até que alguém intervinha. Então ela chorava um pouco e deixavam-na por mais alguns para dentro; só quando o argumento do choro acabava é que ela ia, resignadamente, assistir ao filme... Continua...

Carlinhos Matogrosso

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Enviado por carlinhos matogrosso em 06/11/2014
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