A SAGA DE UM ANTI HERÓI
A SAGA
Algum dia de setembro, de um ano em que ainda se sentia nos ouvidos o zumbido do estrondo da bomba atômica, ele nasceu. Já tinha carinha de símio, testa avantajada, característica dos inteligentes. O que não esperavam era que fizesse três anos tão depressa. De repente, pisca os olhos, olha para o céu e vê um papagaio empinado, contendo em seu dorso a foto de Nelson Maculam, Candidato a governo do Estado do Paraná. Mas isso para ele não dizia nada, gostava mesmo é de Betinha, sua irmãzinha, que está muito doente. Mal sabia ele que toda doença é um tipo antecipado de morte... Depois de alguns dias ela morre de tanto tossir e deixa o herói à deriva, sem saber, do terço, sequer uma Ave Maria. Porém, ainda resta a vida e numa festa imodesta como esta, apenas se homenageia a felicidade, coisa que aparece sempre tímida e tendenciosa; pendendo para o lado das riquezas, coisa que ele nunca veria de perto. Falava-se tanto em um tal de Jânio Quadros e o menino pensava em alguém com cara quadrada em forma de telas de pintura, mas era o candidato à presidência da república, a décima sétima eleição presidencial e a décima quinta em sufrágio direto. Foi a última eleição antes do Golpe Militar de 1964 que instaurou uma ditadura no país. A próxima eleição direta ocorreria apenas 29 anos depois. Mas o que é que o menino tinha com isso?
Continua...