Eduardo e Mônica
“Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?”
O despertador tocou. Eduardo ainda sonolento se debruçou sobre a cama até o criado mudo e ainda com a vista embaçada, exclamou:
— Ah não! 16h30 já. Acho que vou dormir mais um pouco — ele pensou e lembrou que tinha combinado de me encontrar com a Monica, mas hoje não, ele decidiu dormir mais um pouco, mandou uma mensagem para ela, achando que talvez ela o entenda.
Ele estava indo para o cursinho, como sempre morrendo de sono e com vontade de que as horas passassem voando. Quando olhou para o lado, encontrou a Monica, logo deu uma arrumada no cabelo, mas não deu muito certo. Foi lá conversar com ela e deram uma parada em um parque que tinha por perto, conversaram por várias horas, até que ela teve que ir embora, mas quando estavam saindo do parque, eles encontraram um cara do cursinho, ele já veio os convidando pra uma festa que iria ter no final de semana, a Monica logo se animou, e o Eduardo teve que ir...
Chegaram à festa, “mas que festa esquisita”, Eduardo logo notou. Não sabia o que era mais estranho, as pessoas ou o lugar, mas pra ele tudo bem, a Monica fora logo dando uns copos com bebida, até que ele disse:
— Eu não to legal, não aguento mais birita.
A Monica logo começou a rir. Eduardo achou que ela estava sorrindo da cara dele, porém achou melhor não perguntar, com medo de que seria isso mesmo. Ela começou a fazer várias perguntas, perguntando de tudo o que pode e não se pode imaginar enquanto isso Eduardo olhava o celular, “três ligações perdidas da minha mãe”, olhou a hora e não consegui pensar nada além de "É quase duas, eu vou me ferrar", falou com a Monica e foram embora, cada um pra um canto da cidade.
Dois dias depois, Eduardo ligou para Monica, sentindo-se meio que precisava falar com ela, falar com ela o fazia muito bem. Ele perguntou se ela não queria ir a alguma lanchonete, tinha uma que era a minha sua predileta, mas a Monica preferiu ir assistir um filme do Godard, logo Eduardo pensou: “filme do Godard? Esse filme vai ser péssimo”.
Então se encontraram no parque da cidade, ela de moto e ele de bicicleta. Eduardo achou a situação estranha, então preferiu não comentar. Eles não eram nada parecidos, ela era de leão e ele tinha dezesseis anos. Ela fazia medicina e falava alemão; e ele ainda nas aulinhas de inglês. Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus, Van Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud. E Eduardo gostava de novela e de jogar futebol-de-botão com seu avô; Ela falava coisas sobre o Planalto Central, também de magia e meditação, e Eduardo ainda na sua rotina de estudante de ensino médio em: Escola, cinema, clube, televisão.
E mesmo com todas essas diferenças, eles se encontravam todos os dias e deixavam tudo ser como tinha que ser. A amizade cresceu, logo começaram a namorar e então fizeram muitas coisas juntos. Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia, Teatro, artesanato, e foram viajar. A Mônica explicava pro Eduardo, coisas sobre o céu, a terra e o ar. Sempre encantadora e inteligente.
Ele deixou o cabelo crescer, logo começou a trabalhar, no mesmo ano em que Mônica viera com a notícia que iria se formar, Eduardo passou no vestibular.
Comemoraram juntos, brigaram juntos, fizeram muitas coisas juntos, porém sempre faziam as pazes, sempre ficavam juntos. Um completava o outro. Há pouco tempo construíram uma casa, logo depois Mônica disse que estava grávida! (de gêmeos!). Depois voltaram para Brasília, e a nossa amizade dá saudade no verão, porém esse ano eles não vão viajar, pois o filho mais velho está de recuperação!
“Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?”