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Esparramado debaixo do sombreiro de uma frondosa copa de árvore, o rato comia um graúdo pedaço de queijo roubado da despensa de seo Carismundo, quando apareceu a cobra Lara. Entre o susto e a surpresa, quase engasgou com o huuhum. Dando aula de educação, mastigou a quantia que estava na boca, pigarreou para limpar a garganta e levantou-se para cumprimentá-la. Pareciam dois amigos que não se viam à anos.

Lara chegou esticada, feito fita de tecido. Sua cor lembra bastante um colcha de retalhos, devido a diversidade de cores. Investigativa, queria saber de onde o pequeno, ingênuo e indefeso viera; que fazia um "O" com a boca ou dava de ombros, pois nunca soubera nada sobre filiação, tipo sanguíneo, taxonomia, do filme Coringa que está em cartaz. "Nada", era tudo que dizia. Ficaram assim por uns minutos.

Lara lambeu os beiços em reverência ao rato, devoto de santa Ingenuidade Alienante. Cheirava petisco de primeira qualidade. A filha do Satanás mostrava-se séria por fora e irônica por dentro. Com o passar do tempo, sentada em cima do rabo, enrolou o corpo em forma espiral.

Papo vai, papo vem, o rato Domenico caiu na lábia da cobra; que ao engabelá-lo com sua astúcia de anos de estrada, cuspiu o queijo pra fora e mandou o rato pra dentro do bucho. Porém, pouco adiantou, porque fazia dias que não lambiscava nada, e o infeliz do rato era um filhote de camundongo.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 13/11/2019
Reeditado em 13/11/2019
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