Anarquistas, graças a Deus!

Segunda-feira; 14 horas. Sol escalpelante. Para todos, ou quase todos, transa-transa de pernas por todos os lados. Para os insolentes, nada de tristeza, menos ainda, trabalho; mas tudo de desobediência civil/social.

Não miavam, mesmo porque não eram gatos, mas desnudados de vergonha, amavam-se estilo macho e fêmea, batiam costelas desvairadamente, em praça pública.

Sem se preocuparem com as más línguas e olhares obscenos, estavam atarracados, em gata dos; e se dependesse dos amantes despudorados, permaneceriam naquela atrevida rebeldia amorosa por dias e dias. Oxalá, se não meses.

Livres de dogmas, sérios por fora e risonhos, malfeitores, sacanas por dentro, um cochichava no ouvido do outro: "a inveja mata. Viva, salve a liberdade, e abaixo a inveja contida no falso moralismo".

Construíndo Jeca Tatus

Sem o que fazer, levando a vida em plena parasitagem, resolvi mudar meus conceitos e enfileirei pés de banana à beira da estrada. Um, dois, três...; dez. Vários. Tomei tanto gosto pela operação, a qual cunhei de "Mais vale um cacho de banana colhido, do que as divisas do terreno limpas", que plantei em quase todo o lote.

Cresceram fortes e vigorosos, com os cachos tombando os pés. Trabalho redobrado para escorá-los. Todavia, em breve ouviria o gorjeado festivo da passarada.

Atingiram o ponto de maturação. O amarelado começava a despontar. Um sumia com o vento. Dois, três, quatro....; dez. Os ventos são gulosos, mas eram tantos cachos de bananas amarelando, que imaginei que sobraria para os pássaros.

Ontem, ao fazer a caminhada matinal, o último pé que demarcava a divisa, sumira. No entanto, além dos restos mortais do pé, deixaram um bilhete de agradecimento: "muito obrigado! Que Deus proteja e dê forças triplicadas, à quem teve essa brilhante iniciativa".

Fiquei, extremamente contente pelo pedido de proteção a Deus, para mim. Porém, não deixei de lembrar que Monteiro Lobato ao escrever sobre o célebre Jeca Tatu, afirmou com todas as letras que "se plantá, dá; se não plantá, dão; então não planto não".

Como os ventos não pediram e os homens de carne e ossos não são advinhos a ponto de saberem o que penso e quero, fui lezado. Em outras palavras, fui roubado. Não só eu fui lezado, mas os pássaros também. Todavia, plantarei novamente em breve, pois uma matilha de Jeca Tatus se constrói com cachos de banana, racionalidade consciencial, bom senso e livre arbítrio. Contudo, uma coisa é fato: quem rouba nunca lembra o que roubou, porém que foi roubado, nunca esqueci do roubo". Seja uma, ou um cacho, ou o bananal inteiro.

Ah, mas que tolo egoísmo esse o meu. Ventos soprando as folhas e revoadas e mais revoadas de passarim, não dariam conta, de comer o bananal, sozim! Fez bem ladrão, ainda mais sabendo que bananas não tem valor de mercado, muito menos, sentimental.

Divulgação de En(xer)tia

A Velha Muda foi cortada um pouco na parte mais vigorosa, enxertada e refeita em outra; para posteriormente, ser trocada pela muda híbrida, a qual respondeu bem ao que se esperava dela, inclusive, florescendo e dando frutos bons e saudáveis. O agricultor espera uma safra renovada; e bem lucrativa, pois, ninguém investe para empatar ou dividir.

Levando em conta o tempo de uso e a validade natural do tipo de cultura, se não for possível multiplicar, no mínimo somar.

Atualmente, através do Programa "Enxerte na Velha, uma nova, você tambêm", o criador do método está difundindo as sementes das boas novas aos ventos. Caso queira participar do programa e melhorar seus métodos agriculturáveis, entre em contato pela sessão Comentários abaixo. Será um prazer repassar as experiências de muitos anos, bem como tê-lo como parceiro da terra; e não adversário e concorrente.

Enxerte hoje, para humanizar mesas fartas, amanhã! Tá lançado uma espécie de socialismo que vale a pena e vai dar certo. Venha multiplicar conosco.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 01/10/2019
Reeditado em 09/10/2019
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