Enganadores de Santo
Haviam viajado à noite inteira e antes de uma curva acentuada que dista 1 km para chegar ao destino, os peregrinos desceram dos ônibus, lavaram as caras, tiraram as ramelas dos olhos, trocaram de roupa, organizaram-se em fila; e seguiram cantando e orando o terço em louvor ao Santo.
Muitos dos peregrinos ainda encontraram forças no Santo São Simão dos Relutantes, para pagar a penitência de joelhos da entrada do santuário até o altar. Reunidos ao redor da imagem do Santo, oraram: "Grande é a boa vontade, enorne é a mente do fiel que crê e nutre-se de fé para superar as dores por demais sofridas; e consequentemente, realizar a penitência, em pagamento ao milagre recebido. Amém, São Simão; o Santo dos Reluntantes!"
E todos tomaram um gole de água benta, beijaram o pé do Santo e depositaram no cofre que estava ao lado dele, uma moeda. A oferenda era de acordo com as posses do fiel, os quais ofereceram víveres e dinheiro graúdo. Houve um deles, que entregou nas mãos do Santo o testamento assinado, testemunhado e datado de suas terras. Ao final, comungou: "se nada trouxe de material para o mundo terreno, nada devo levar para o plano celestial, a não ser meu corpo e o pó do solo". E deslizou o dedo indicador nos pés do Santo e benzeu-se, fazendo o sinal da cruz na cara.