Almas solitarias

Eu não estou trabalhando agora, vovó... Tô cansada e o dia já nasceu...

Ele segurou o cachimbo e com a outra mão alisou o bigode. Sorriu para ela.

Nem eu estou pedindo os seus serviços, menina. Estou oferecendo um café.

Fazia frio começou a chover. Os dois foram para a padaria próxima. Ela fechou o longo casaco que cobria seu corpo bem mais que o vestido. Ele guardou o sei cachimbo no casaco. Café, pão, manteiga, queijo prato e presunto. Os dois comeram em silêncio. Ela desconfiada. Ele se deliciando com o café.

Não vou precisar pagar com sexo o café né? É estranho isso.

Ele a olhou. Depois de comer, colocou fumo e acendeu cachimbo. Refletia sobre o que ela falava.

Faz todo o sentido você está desconfiada. Mas não se preocupe você já me pagou. Quando te vi percebi que você precisava de café. Eu precisava apenas de companhia pro café. Somos dias almas solitárias... A diferença é que eu me iludo com minha imaginação.

Ela apenas o olhou e sorriu. Foi seu primeiro sorriso sincero em muitos anos.

Wesley Curumim

Wesley Curumim
Enviado por Wesley Curumim em 29/09/2024
Código do texto: T8162406
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