De Volta às Janelas...
Mais de um ano havia se passado desde que finalmente se encontraram... e se reconheceram. Agora já não eram mais tempos das odes noturnas, dos cantos por ideais, nem se ouvia o batuque das baquetas de colheres em pequenos tambores de alumínio. Decerto cansaram de entoar suas vozes para tantos ouvidos surdos... ou aguardavam um momento mais propício para o retorno.
Nessa noite fora atraído por gritos de comemorações de gols, coincidentemente, do seu time. E ele se dirigiu à janela para ouvir de perto a vibração dos que celebravam a vitória tão almejada.
E eis que a avistou, na janela da rua em frente. Sabia que era ela, pois jamais esquecera aquela silhueta tão desejada por noites a fio. A partir de quando se viram pela primeira vez jamais tornaram a se encontrar apesar de morarem no mesmo bairro, e mesmo tendo a vista dos seus prédios vazadas pelas baixas construções que dividiam suas ruas. Fora assim, aliás, que tiveram o seu primeiro contato: através das janelas.
Por um rápido instante pensou em afastar-se, mas as emoções vividas na época lhe voltaram como um raio, e seu coração bateu forte novamente. Como ela estaria, por onde teria andado, o que teria acontecido na sua vida? E ele percebeu que ela também o notara, mesmo com apenas a tênue luz do abajur. Ficou ali parado por um tempo até que ouviu um quase sussurrante chamado: “amor, é a sua vez...”. Ele demorou a atender e ela repetiu: “amooor...”. Por fim, se voltou titubeante e gaguejou um “sim, claro...”! Antes, porém, olhou mais uma vez para a silhueta com que tanto sonhara e se dirigiu ao quarto ao lado. O bebê resmungava... precisava ser trocado e amamentado. Realizou a tarefa com calma, depois pegou-o no colo e o acomodou junto à mãe para a amamentação.
Sem tirar a atenção da janela, ele retornou àquela e a jovem do prédio em frente continuava lá, como que aguardando algum sinal. Suas pernas tremiam um pouco, mas ao voltar o olhar para a esposa seu coração se enterneceu com a cena que via. Ajeitou o bebê para que não perdesse o seio da sonolenta mamãe, arrumou o edredom, dirigiu-se novamente à janela e, num rápido movimento, fechou as cortinas. Abraçou sua mulher, aconchegou-se junto a ela e ao filho, e compreendeu que o tempo havia passado... e que sua vida e amor estavam agora bem ali, ao seu lado...
Nessa noite fora atraído por gritos de comemorações de gols, coincidentemente, do seu time. E ele se dirigiu à janela para ouvir de perto a vibração dos que celebravam a vitória tão almejada.
E eis que a avistou, na janela da rua em frente. Sabia que era ela, pois jamais esquecera aquela silhueta tão desejada por noites a fio. A partir de quando se viram pela primeira vez jamais tornaram a se encontrar apesar de morarem no mesmo bairro, e mesmo tendo a vista dos seus prédios vazadas pelas baixas construções que dividiam suas ruas. Fora assim, aliás, que tiveram o seu primeiro contato: através das janelas.
Por um rápido instante pensou em afastar-se, mas as emoções vividas na época lhe voltaram como um raio, e seu coração bateu forte novamente. Como ela estaria, por onde teria andado, o que teria acontecido na sua vida? E ele percebeu que ela também o notara, mesmo com apenas a tênue luz do abajur. Ficou ali parado por um tempo até que ouviu um quase sussurrante chamado: “amor, é a sua vez...”. Ele demorou a atender e ela repetiu: “amooor...”. Por fim, se voltou titubeante e gaguejou um “sim, claro...”! Antes, porém, olhou mais uma vez para a silhueta com que tanto sonhara e se dirigiu ao quarto ao lado. O bebê resmungava... precisava ser trocado e amamentado. Realizou a tarefa com calma, depois pegou-o no colo e o acomodou junto à mãe para a amamentação.
Sem tirar a atenção da janela, ele retornou àquela e a jovem do prédio em frente continuava lá, como que aguardando algum sinal. Suas pernas tremiam um pouco, mas ao voltar o olhar para a esposa seu coração se enterneceu com a cena que via. Ajeitou o bebê para que não perdesse o seio da sonolenta mamãe, arrumou o edredom, dirigiu-se novamente à janela e, num rápido movimento, fechou as cortinas. Abraçou sua mulher, aconchegou-se junto a ela e ao filho, e compreendeu que o tempo havia passado... e que sua vida e amor estavam agora bem ali, ao seu lado...
*
Um reflexivo poema interativo, que recebo com imenso carinho, do Poeta Francisco de Assis Góis! Obrigada!
NÃO TEM VOLTA
Tempo que foi, jamais volta! ...
Se perdemos o momento,
De nada adianta o lamento!
É chorar por Inês morta!
Vai só causar sofrimento
Querer o que não tem volta.
É correr atrás do vento,
Ou só se trancar a porta,
Depois do arrombamento.
Tempo que foi, jamais volta! ...
(Francisco de Assis Góis)