ZÉ DO VIOLINO

Sempre à tarde, na mesma esquina, estava ele, com seu violino, a desfolhar solos que chamavam a atenção dos passantes; um ou outro a depositar algum trocado no chapéu deitado ao Chão.

Os funcionários do comércio em torno da esquina, acostumados à ouvir suas melodias, chamavam-no de Zé do violino.

Certo dia, chegou a tarde e Zé não apareceu. A esquina ressentiu-se de sua ausência. Um certo vazio ficou no ar. Todos sentiram sua falta. Nos dias seguintes, também não apareceu.

Foi, então, que as pessoas perceberam uma coisa: só sabiam daquele homem, a sua alcunha; Zé do violino. Onde morava, se era casado, se tinha parentes; nada.

Até hoje em dia, dizem os guardas noturnos que vigiam aquela região que, vez por outra, ouvem, vindo da esquina, os acordes aveludados do seu instrumento.

Chico Alves dMaria
Enviado por Chico Alves dMaria em 02/07/2022
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