ZÉ DO VIOLINO
Sempre à tarde, na mesma esquina, estava ele, com seu violino, a desfolhar solos que chamavam a atenção dos passantes; um ou outro a depositar algum trocado no chapéu deitado ao Chão.
Os funcionários do comércio em torno da esquina, acostumados à ouvir suas melodias, chamavam-no de Zé do violino.
Certo dia, chegou a tarde e Zé não apareceu. A esquina ressentiu-se de sua ausência. Um certo vazio ficou no ar. Todos sentiram sua falta. Nos dias seguintes, também não apareceu.
Foi, então, que as pessoas perceberam uma coisa: só sabiam daquele homem, a sua alcunha; Zé do violino. Onde morava, se era casado, se tinha parentes; nada.
Até hoje em dia, dizem os guardas noturnos que vigiam aquela região que, vez por outra, ouvem, vindo da esquina, os acordes aveludados do seu instrumento.