NOITES FRIAS
Caminhava à noite na rua vazia. Era uma noite fria. Dava passos inseguros, imprecisos. De repente, parou em frente à uma casa. Olhou para o céu estrelado, sem lua. Ficou ali, paralisado, por alguns minutos. Ajeitou o chapéu na cabeça, fitou o chão por alguns segundos e fez menção de voltar. No primeiro passo, ouviu o ranger de uma janela abrindo-se. Parou e olhou: Era ela.
Uma voz feminina ecoou na noite:
- Por que demorou tanto?
Ele quis responder, mas a boca temia falar. Respirou fundo e uma voz embargada de emoção rasgou a noite:
- Você ainda me ama?
Ela, então, já na porta:
- Entre e nunca mais deixe que nossas noites sejam frias.
Chico Alves d'Maria