KER ALHO?
Ás quintas feiras ele chegava cedo por volta das seis e meia, com seu banquinho, um pequeno caixote de madeira. e uma mochila
Seu ponto preferencial era no início da feira em baixo de uma frondosa arvore.
Ajeitava o caixote, pacientemente cobria com uma tolha sempre limpinha em tecido xadrez vermelho e verde.
Tirava da mochila, umas réstias de alhos e também algumas cabeças do mesmo produto.
Colocava seu banquinho bem próximo a árvore, pois o tronco servia de apoio para suas largas costas.
Não sabiam o seu nome, mas, o chamavam de “luso”, pois tinha um forte sotaque dos nascidos em Portugal.
Depois do seu ritual de instalação, sentava-se ao banquinho e com seu vozeirão começava a comercializar suas mercadorias:
- “Ker” alho dona Maria? D. Luzia “ker” alho?
- Dona Inez ker alho do português?
- Ker alho pode pegar! Pois eu sei que vão gostar!
E praticamente ficava aos gritos chamando a atenção da clientela, até por volta do meio dia.
Só uma coisa não entendia, porque dele, todos riam