Preciosa Alice!

Preciosa Alice!

Escrevo-lhe este manuscrito em meio à pólvora, cheiro de carnes podres e aços feitos em estilhaços.

Não sei quando acaba tudo isso, essa dor, esse desespero, em meio a gritos de dores. Nada jamais fora tão difícil, no meus ouvidos esse alarido, nos meus olhos esse clarão e fumaça.

Na minha cabeça, você, doce Alice!

Nada será como antes, o cheiro dos seus cabelos, o cheiro ao te abraçar, o patchouli, a alfazema e os seus olhos nos meus ( de fica um pouco mais) e por fim, meu lenço embebecido por suas lágrimas.

Eu parti mesmo assim.

E continuo partindo dentro de mim. Cada cigarro fumado, cada carta baralhada e cada dose de vodka, lá estava o seu triste olhar, o seu vestido azul e as suas lágrimas.

Minha bagagem, uma mala de madeira, algumas meias, duas mudas de roupas, um lenço e alguns maços de cigarro; no meu bolso suas lágrimas em um lenço; no meu coração, a torrencial paixão guardada e escondida a sete chaves por esse jovem homem viril, que agora em barricadas de corpos mal cheirosos, se despede de ti, Alice, minha doce Alice!

Temo que esse manuscrito não lhe chegue às mãos, talvez nunca chegue. Mas, esse homem aqui que nunca te falou em palavras, lhe expõe em versos que a família, os filhos, a esposa e os natais que não mais terei, seriam contigo, e cada ação de graça, eram seus olhos alegres e não tristes que queria.

Pra sempre seu, Sam.

Ps. Te amarei eternamente.

Rita Fonseca

06/08/2020