PRESENÇA
- Já vai? Está cedo... - a voz perceptivelmente abalada.
Olhou bem no fundo dos olhos dela e suspirou, estava contra a parede. Não era capaz de negar a própria presença à ela. Presença, um presente mais valioso que qualquer ouro ou brilhante existente...
Encheram-se de água os olhinhos, aquilo foi o estopim para dizer 'sim, eu fico'.
Sentou-se na cadeira de balanço do seu antigo-ser, ela balançava-se na rede. Olhavam para o teto, para o céu, para a rua, para os sabiás que pousavam no muro, nos colibris que lá iam para beijar as flores do jardim...
Não precisava falar uma palavra sequer, ela dava-se por satisfeita apenas em ouvir a respiração dele ao seu lado...
Foi o maior presente que ele deu à ela: sua presença...
Agora é ele quem sente a falta da presença dela...