Sem Mais
              
Naquele dia elas chegaram mais cedo e cantaram mais alto que nos dias anteriores, como um despertador ao lado da cama a querer despertá-la. Mas as aves estavam alto, bem alto no céu inalcançável. Mesmo assim a acordaram e ela espreguiçou com um longo bocejo e apressou-se. Apesar de ser domingo tinha um dia longo pela frente. Havia decidido ir embora e ainda faltava arrumar algumas peças de roupa nas malas já abarrotadas. Logo todos acordariam também e não queria despedidas. Queria conhecer outros caminhos e se contasse tentariam dissuadi-la do sonho já de tempos. Estava, por fim, saindo de casa.

Escovou os dentes durante o banho, arrumou a cama depois de vestir-se e desceu as escadas se equilibrando com as pesadas malas. Abriu a geladeira, tomou um copo de leite, pegou uma maçã, escreveu um rápido bilhete dizendo que amava a todos e saiu sem fazer barulho. O táxi a esperava lá fora. Já acomodada no carro, olhou para a janela do seu quarto e viu que as cortinas balançavam como se lhe acenassem um adeus. E ela sorriu triunfante.

Foi ser feliz!






Foto: Arquivo Pessoal
Marise Castro
Enviado por Marise Castro em 26/04/2020
Reeditado em 19/08/2022
Código do texto: T6928785
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