DORMÊNCIA

O Sol inclemente maltratava a terra fustigada, seca e morrente, a jovem agricultora colhia os últimos nacos de mandacaru, sobreviventes daquele árido mês. Num jumento cansado um homem magro e ao mesmo tempo forte, se aproxima com cara de perigoso, tendo um sorriso desdentado escrachado e cínico no rosto, ela vai saindo do lugar apressada, está sozinha por aquelas paragens, o bote nojento é certeiro, mesmo gritando ela não tem quem a quem recorrer. O infeliz nela monta, como um potro no cio, se farta e a deixa por terra estropiada, na alma um grande vazio, nas partes dores imensas e a mente agradecendo pela vida ao Altíssimo. Incoerentes pensamentos, mas, a vida na caatinga, segue o rumo com seres fortes, logo estará barriguda, com filho sem pai, triste sorte. Se vingar, mais um bravo sofredor, em breve estará a seu lado.

 
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 22 de outubro de 2015.

 
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 22/10/2015
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