TEMPOS IDOS (2)
Lurdinha, fazendo uma limpeza nas suas caixas de bugigangas, encontrou, num velho álbum de recordações, um retrato, já amarelado pelo tempo, em que se via junto a um menino de calças curtas, sob as quais espiavam duas pernas magras, com ossudos joelhos. A cabeleira de um negro luzidio e espessa, conferia-lhe aquele ar de menino travesso!
Esforçou-se para lembrar do seu nome e, a muito custo, ele lhe veio à memória. Era o Toninho, um garoto que andava sempre atrás dela e que, por isso, acabou até gostando tanto dele que lhe deu um livrinho, com uma flor dentro, como prova de amor!
Será que ele ainda a guarda? Esperava que sim, pois passara noites pensando nisso.
Seu pensamento volta, então, ao momento em que, passeando com seus pimpolhos, esbarrara com o Toninho, aquele menino bonito e os dois, sem palavras, encararam-se timidamente, balbuciaram bobagens e se separaram, sem lembrar os respectivos nomes!
-Coitado do Toninho, pensou Lurdinha; aquelas pernas estavam iguais, finas que nem caniços; mas a farta cabeleira minguou , achei que o terno dele já não via um ferro de passar há longo tempo e, seguramente, não era um Armani, a gravata não poderia ser mais ridícula, não combinava com nada e os sapatos, absolutamente, não eram Gucci, pois estavam clamando por uma boa engraxada...
Voltando à realidade, dá outra olhada no retrato, suspira e, num gesto brusco , rasga-o em mil pedaços, com um sorriso nos lábios.
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(Atendendo à sugestão da colega Elizabeth Amorim em seu comentário ao meu primeiro miniconto, à qual agradeço, tanto pela leitura, como pelo tema que me ofereceu e a ela dedico este trabalho
Lurdinha, fazendo uma limpeza nas suas caixas de bugigangas, encontrou, num velho álbum de recordações, um retrato, já amarelado pelo tempo, em que se via junto a um menino de calças curtas, sob as quais espiavam duas pernas magras, com ossudos joelhos. A cabeleira de um negro luzidio e espessa, conferia-lhe aquele ar de menino travesso!
Esforçou-se para lembrar do seu nome e, a muito custo, ele lhe veio à memória. Era o Toninho, um garoto que andava sempre atrás dela e que, por isso, acabou até gostando tanto dele que lhe deu um livrinho, com uma flor dentro, como prova de amor!
Será que ele ainda a guarda? Esperava que sim, pois passara noites pensando nisso.
Seu pensamento volta, então, ao momento em que, passeando com seus pimpolhos, esbarrara com o Toninho, aquele menino bonito e os dois, sem palavras, encararam-se timidamente, balbuciaram bobagens e se separaram, sem lembrar os respectivos nomes!
-Coitado do Toninho, pensou Lurdinha; aquelas pernas estavam iguais, finas que nem caniços; mas a farta cabeleira minguou , achei que o terno dele já não via um ferro de passar há longo tempo e, seguramente, não era um Armani, a gravata não poderia ser mais ridícula, não combinava com nada e os sapatos, absolutamente, não eram Gucci, pois estavam clamando por uma boa engraxada...
Voltando à realidade, dá outra olhada no retrato, suspira e, num gesto brusco , rasga-o em mil pedaços, com um sorriso nos lábios.
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(Atendendo à sugestão da colega Elizabeth Amorim em seu comentário ao meu primeiro miniconto, à qual agradeço, tanto pela leitura, como pelo tema que me ofereceu e a ela dedico este trabalho