A VERDADE NUA

Ao trancar-se no quarto, a tão absoluta Verdade livra-se dos trajes e maquiagens esplendorosos e joga-se na cama. Ah, se todos soubessem como ela é, sem as máscaras: flácida, sem viço, sem carne, sem brilho.

E chora muito! Queria ser Verdade de verdade, queria ser única e plena, mas oscila de acordo com as conveniências e limitações de cada grupo humano. Precisa equilibrar-se sobre várias realidades contrárias, fingindo-se firme e certa. Jamais pôde ter identidade própria, sempre foi manipulada pelos outros. Barganhada! Estuprada!

Pobre verdade, que sendo tantas, é nenhuma.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 20/12/2012
Reeditado em 17/07/2018
Código do texto: T4045043
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