Visões
Náuseas, vertigens e incômodos. Quando pouco andava, tropegava pelos cantos do navio; sempre se apoiando nas paredes de madeira. Há uns dias não via a luz natural, apenas do candeeiro de seu cômodo. Saiu dele para subir, queria ver um pouco do céu e, talvez, admirar a natureza, ainda que visualmente módico naquela vastidão de duplo azul. Foi uma grata surpresa quando pôde ver coloridos cardumes, mesmo que poucos; gaivotas e outras aves e algumas poucas porções de terra - como oásis do deserto marítimo. Esqueceu um pouco da sensaboria lá de dentro por um instante, mas, se conhecendo, sabia que logo enjoaria da visão. Afim de conservar o gosto por aquele (raro) momento de prazer no Muse de L'eau, voltou para a caverna subaquática, no escuro produzido pela tenda de pedras, para, quando sentir-se vazio de si, poder encher-se de vida com a vida lá fora.