série: diálogos | Ellen
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Comecei a escrever para a Ellen, como um alento. Me declarava em páginas e mais páginas de um caderno. Escrevia sobre as coisas que eu via, que eu ouvia, que eu vivia com ela, e por ela. Passei a me estranhar e a pensar muitas coisas. Passei a me martirizar por gostar dela, e daí, sim, entendi que estava apaixonada.
— Engraçado pensar em você, dessa maneira. Não é você, mas é! Sou eu em você, ou é muito de você em mim, nos meus anseios. É difícil dizer. Eu gosto da Ellen que escrevo, mas ela é... A Ellen é tudo da verdade que eu tirei de você, e que eu tirei de mim, do que eu queria. Mesmo assim, você faz meu coração congelar, e meus olhos brilharem pela temperatura do meu rosto. Quando estou “mulher” você para em mim por poucos segundos. Nos olhamos nos olhos, mas não focamos nos nossos olhos. Não vemos nada, e isso é estranho. Não sei como... Não sei como. Como... Por quê... Te vejo em todos os cantos, te procuro, te fito e fico... Me perco.
[08-2013]
Trecho do livro "Para Ellen"
(E aí começou a minha perdição. A partir daí, me enclausurei num abismo de monólogos distantes, de diálogos comigo... Me perdi num amor solitário e nunca mais fui a mesma. Nunca mais amor-coragem. Nunca mais eu-amor.)
Franciely Sampaio, 04/05/2020
Texto postado no blog: https://francielysampaio.blogspot.com/2020/05/monologos-ellen.html