Briga de Rua
Sangue, saliva e auto-estima escorrem da boca do cão. Um chute fá-lo rolar pelo asfalto usado como lona. Levanta-se com dificuldade, uma das patas quebrada. A adrenalina circula como fogo em seu corpo. Os olhos são alguma coisa entre azul e cinza. Os dentes são alguma coisa entre branco e vermelho. A cabeça erguida, os pelos eriçados, os lábios se afastam e ele crava as presas no inimigo mais próximo. Carne humana tem um gosto ruim na boca mas, sem poder socar ou chutar, morder é tudo que lhe resta. Cada dentada, cada pedaço de pele arrancada conduz ao êxtase.
Do lado esquerdo, um cão vadio. Do direito, o mundo todo.