Diálogo entre um peregrino e um monte, ou húbris

<<Dedico aos filósofos, aos sábios, e aos homens de ciência deste mundo.>>

O que desenhas, peregrino, perguntou o monte, Desenho-te a ti, respondeu o outro, E para quê, Para localizar-me, desenho um mapa...

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E onde estás tu neste mapa, disse o monte perscrutador, ao que o outro, considerando absurda a observação, respondeu sem nada dizer...

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E porque me representas tão desproporcionalmente, continuou o gigante, Porque o mapa deve caber nas dobras das minhas vestes...

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Um filósofo que por aqui passou disse semelhantes palavras, E o que ele disse, perguntou desinteressado o peregrino, Ele dissera que reduziu o universo a um sistema que pudesse entrar em sua cabeça, e na de todos os homens brilhantes como ele, E de que tamanho era a sua cabeça, monte, Como a tua, peregrino, respondeu hesitante o monte, menor que uma noz...

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Eu não estou lá, disse pensativo o peregrino, definitivamente, Não está onde, Na cabeça do filósofo, e na de todos os homens brilhantes como ele, o universo pode estar, mas eu não estou lá, estou aqui, E eu, concluiu o gigante, orgulhoso de suas proporções, decididamente nada ou pouco se me assemelho ao arremedo de monte do seu pequeno e simplório mapa.