UM REINO DIFERENTE.
 
 
ERA UMA VEZ  um reino muito grande e cheio de riquezas naturais e era tão belo que os demais invejosos reinos do mundo não tiravam os olhos dele e mal escondiam o desejo de se apossarem de suas terras.
 Chamava-se Lisarb.
Seu povo, de índole pacífica era alegre e brincalhão e, durante o comando de reis anteriores, vivia seguro e feliz. Mas, como o próprio povo dizia, “não há mal que sempre dure nem bem que nunca se acabe”, as coisas foram mudando, enquanto o progresso crescia ou, talvez, até mesmo por causa disso.
De repente, tudo começou a não dar certo; a avareza, a gula, os apetites desenfreados, a síndrome do dinheiro fácil, enfim, a corrupção no seu mais alto grau, a falta de vergonha, a desfaçatez,  num crescendo estarrecedor, foram  tomando conta de tudo e de todos. O trabalho, nas aldeias e no campo, foi escasseando e um espantoso número de desocupados, impelidos pelo incontido instinto de sobrevivência, estava pronto para explodir em anarquia.
A situação era tão grave que a rainha foi afastada do reino e um Conselheiro assumiu  o poder, só que este, também, como dizia a plebe, “não era flor que se cheirasse.
A grande maioria dos Conselheiros, homens e mulheres que deveriam servir ao povo, foi se transformando em réus, pesando sobre cada um deles graves acusações.
O tesouro do rei, antes pejado de ouro, sangrava abundantemente e esmirrava a olhos vistos e os cobradores de impostos, da mesma forma corruptos, passaram a vender “facilidades”, desviando recursos  para suas próprias algibeiras.
O Conselho dos Anciãos, que reunia as melhores mentes jurídicas do reino, embora sofrendo o achincalhe da suspeição levantado por uma eminência parda, foi sufocado por uma verdadeira montanha de requerimentos, petições e recursos, num nível jamais visto e lutava, estoicamente, para agilizar o julgamento das pendengas.
Nesse ínterim, o Conselheiro no poder fazia mudanças nos diversos Conselhos, porém os novos indicados eram, quase que de imediato, afastados por suspeita de participação em negócios escusos, de forma  que lá ia a plebe, de novo, com foices e cajados desfilar em protesto, ameaçando de degola os tais elementos.
As lutas entre classes se acirrava, o comércio e a indústria começaram a dar sinais de enfraquecimento, a sangria de bilhões de “siaer”(moeda local) surrupiados da arca do rei fazia a grande diferença. A violência campeava e bandos de encapuzados cometiam as maiores barbaridades; os casos de estupro e pedofilia assumiam proporções alarmantes e a maioria dos súditos ficava, diariamente, no meio de fogo cruzado dos arcabuzes.
Carruagens e até carros de boi eram atacados à luz do dia e os meliantes matavam indistintamente a quem reagisse ou não.
Nesse cenário dantescamente babélico, o mais estranho era que, embora rios de  “siaer” ( moeda local) tenham, efetivamente, evaporado, TODOS os Conselheiros  envolvidos alegavam inocência e os depoimentos vinham quase iguais: “jamais me encontrei com fulano” ; “nunca tive dinheiro em outro reino”; “a conta não é minha, eu sou só beneficiário”; “tudo que foi recebido foi declarado aos coletores de impostos” .; “repudio, com violência,  as acusações levianas”.. e outras que tais, mesmo diante de carradas de provas esmagando cada um deles e tudo isso  com a cara mais deslavada do mundo! Autênticos cara-de-pau!
Por isso mesmo, emergindo desse verdadeiro caudal de lama, uma indústria crescia a passos largos, como já seria fácil supor.
Era a fábrica de um óleo essencial de uso doméstico.
O óleo de Peroba!
O FINAL DO CONTO FICA PARA DEPOIS.

 
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Nota – Qualquer semelhança com pessoas e fatos terá sido mera coincidência
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paulo rego
Enviado por paulo rego em 05/06/2016
Reeditado em 07/06/2016
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