O Último Gole
Do vidro fosco ela brilhava, preciosa bebida a me chamar. Em minha vida desgraçada não me sobrava mais nada, apenas meu cachorro engarrafado, fiel amigo a molhar minha garganta. Ávido por sentir seu gosto ardente meus passos cambaleiam em sua direção, já não sou mais o mesmo, a mente embriagada calcula mal os movimentos. Tropeço, a garrafa escapa das mãos, caí, se estilhaça. Eu desabo também, e em meu azar encontro os estilhaços do vidro e eles encontram minha garganta. Ao líquido ardente junta-se o sangue quente. Fui mordido por meu cachorro.