Zumbi

O rosto era interessante, estranho nele eram seus olhos. Fugidios, arredios. Não se fixavam. Mentiam? A cada encontro dos cílios.

Amava por temporada, amava o que estava em voga, na moda. Escritor de primeira. Mentia? Não, era esse seu ofício. Nas letras, sua sedução, suas mentiras...

De corpo em corpo, jurava amor infinito. Cobrava de suas Marias, fidelidade, lealdade, devoção. Em troca... Mentia.

Perdeu-se, bebeu-se, tragou-se, estragou-se.

Deram-lhe as costas, as letras, a prosa e a poesia.

Abandonado pelas palavras, em ácido lento sua carne oca, morria. Morria sua imagem e por fim morriam suas mentiras... A alma? Essa não existia.

Zumbia.