O MEU MUNDO É DE CEDROS, ROSAS E RIOS...
Poeta é um ser que tem um olhar enviesado...
Tem ouvido de passarinho, tem fome de flores
Do campo, tem sede de entardeceres e tem medo
De normalidades. É da infância que tem saudades!
Poeta não sabe botar conduta boa no devaneio...
A desordem mental origina um quintal de poesias.
Uma horta farta de pássaros e coisas inúteis a olhos
Criteriosos, mas meu mundo é de cedros, rosas e rios!
Meu mundo é feito de saudades de minhas avós...
Meu mundo é feito de brinquedos de latas e lobeiras;
De pescas de bagres e lambaris nas poças lamacentas
Da minha infância. O quintal era mundo de vida e cores!
Poeta tem um gosto módico para as coisas da vida...
As coisas nobres. Poeta curte canto de cachoeiras, lodo
Verde de encostas; o tédio do poeta é ser curado para as
Coisas da cidade. Poeta pisa, fala e caminha sem afobação!
Poeta dá valor ao inutilizável; e não saber de tudo, salva.
Ajuda a ver o que dará poesia; o inutensílio; que, burilado
Dará o prato principal do poema. A minha estima é para as
Coisas desimportantes, desvalidas. Essas eu amo. Sou assim!
As miudezas que caem desapercebidas de outros, eu noto...
As apanho para os poemas. Meus poemas têm gosto de terra,
Não de abstratos; os poemas têm espírito próprio, se, simples;
Alcancei a essência que eu queria. Isso que me propus a fazer!
Eu busco um frescor de primavera iniciada; nos poemas...
Se não consigo é pela minha insignificância poética, mas eu
Sei o que eu queria. Eu faço poesia por fé na poesia; o mundo
É mais doce e leve com poesias. Esparramo poemas e poesias!
Quem repara nas miudezas do mundo sempre terá ouro
Para ver e rever. Se teve tempo de apreciar, já és um ricaço...
Eu sou doutorado nas coisas simples da vida, eu vejo Deus no
Revoar dos pardais, ouço Salmos no vento. Oro, a cada respirar!