QUE DE POESIA PREENCHAM O MUNDO
Queremos de flores enfeitar
os jardins arenosos do mundo,
sem pretensões de desintegrar
as faces alheias da vida, do tudo.
Após beijarmos o entardecer
com a poética de nossas mãos,
distribuir enlaces sem recrudescer
infantis práticas amáveis em vão.
O sempre nem mesmo é eterno,
senão seria péssima escolha
do destino, que assim transformaria
toda a poética em algum inferno
e se desintegraria frágil igual folha
sem depender daquilo que escreveria.
Por outro lado, anjos de asas brilhantes
de cristal viriam vigiar nossa poesia,
tenra inspiração perene e divina
do âmago tempestuoso e cintilante,
quiçá corrosivo ao sabor da maresia,
indizível situação que assim termina.