Os Falsos

Ainda que escrevas mil histórias

Romances, novelas ou contos

Nada terás escrito sem o apetite

Não sintas dor ao imaginar, só

Sede e fome e anseia mais e mais

Corre ao desejo, mas quando perto

Deixa-o partir e volta pro teu canto

Ainda que escrevas mil poemas

Nuances, perdições e cantigas

Nada terás escrito sem o apetite

Não força teus olhos nem alma

Poeta não se faz em dor, mas calor

Não venda a si para os vendedores

Vende os falsos pra não morreres

Escreve as tardes e as cervejas, e

Toda a vã paixão enlouquecedora

Caminha em paz e feliz e triste

Caminha nu, mas com as pernas

Tortas, que entre muitos só tu.