Não sei!

Sabe o que sou?

Rabiscos tentando desenhar um circo.

Reticências sonhando criar uma ponte...

Pontos e vírgulas costurados a carne viva!

Suturas de uma criança que não se cansa.

Mero pássaro triste cantando num monte.

Uma frase solta que não se completa...

A curva mais próxima de um abismo.

Estradas sinuosas sobre linhas retas.

Vejo-me assim, tão impreciso!

Recito à língua de fogo por versículos.

Visto-me de toda a fé a adubar o solo.

Abro os meus olhos semeando versos ao dia.

Sou a mais pura fome a clamar pelas chuvas!

Uma água limpa misturada as sujas.

Choro lavando belos cachos de uva.

Porque poeira mereja os meus olhos.

Há tantos rios descendo das águas!

Sou a porta aberta de um quarto fechado.

Assim me vejo tal cobertor desgastado.

Renasço e morro criando os meus ciclos.

Sou um poeta, não sou mais nada!

Autor: ChicosBandRabiscando

ChicosBandRabiscando
Enviado por ChicosBandRabiscando em 05/05/2020
Reeditado em 05/05/2020
Código do texto: T6938067
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