Poema místico
Impressões de desconforto
dos contos de assombração
em horas avançadas
no interior de Minas viva
as barbas gigantes
do deus da noite
a reza das benzedeiras
e as cobaias das simpatias
os rituais de curas
espirituais
como trêmulos agouros
e os homens em torno
das fogueiras de acampamento
estalando aos ouvidos
incrédulos dos impressionáveis
os entorpecidos dançam
sob as estrelas
que são intensas
como há milênios não eram
e de tão loucos
e ignorantes
não entendem
o significado do poema místico
escrito em letras
escuras de tempo gasto
poema sem vírgulas
empecilhos
de medo e indecisão
poema cantado
aos gritos
lancinantes ecos
para as almas
vento açoitador
de costados nus
e falta de ícones
salvadores
velas iluminam a língua
de poeira
onde cães afugentam
o resquício do misticismo
carne açoitada
vertendo sanguíneos jatos
escarlates
nascedouros de serpentes
sibilantes
hipnose aos corpos de pedra
e fluidas mentes.