Todo poeta é um fingidor

Queria ser poeta!

Mas não posso ser poeta.

Despejo nesses versos palavras vis,

Sentimentos irreconhecíveis

De um tempo que não volta mais,

Transbordando contentamento

Me disfarço em prosa.

Escondo intenções num toque largo,

Abraço tudo o que me torna humano.

E eu, que por tantas vezes apático,

Escarneci sentimentos alheios,

Ironizei infortúnios,

Questionei prazeres.

Gozei da moralidade de tudo quanto é gente.

Hoje, me encaro desamparado,

Jogado aos pés do entusiasmo

De estar vivo, deleitado em gozo,

Matéria da mais pura excitação,

De acordar e caminhar pela terra.

Ursula Zamprogno
Enviado por Ursula Zamprogno em 28/03/2019
Código do texto: T6609629
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