Todo poeta é um fingidor
Queria ser poeta!
Mas não posso ser poeta.
Despejo nesses versos palavras vis,
Sentimentos irreconhecíveis
De um tempo que não volta mais,
Transbordando contentamento
Me disfarço em prosa.
Escondo intenções num toque largo,
Abraço tudo o que me torna humano.
E eu, que por tantas vezes apático,
Escarneci sentimentos alheios,
Ironizei infortúnios,
Questionei prazeres.
Gozei da moralidade de tudo quanto é gente.
Hoje, me encaro desamparado,
Jogado aos pés do entusiasmo
De estar vivo, deleitado em gozo,
Matéria da mais pura excitação,
De acordar e caminhar pela terra.