Esfinge

Que ninguém ouse dominar o coração de um poeta!

Que ninguém ouse acusar-lhe que seja luz ou as trevas;

é preciso entender que a sanidade o acompanha,

que toda a loucura o assanha!

A poesia talha na pedra bruta os seus verbos.

Faz nascer do simples o complexo.

Assim é o poeta em seus versos.

Porque não existe poesia sem deserto,

tão pouco nasce o poeta sem um chamado.

É preciso pisar a areia e trilhar o caminho...

Fazer poesia é muito mais que estar sozinho!

Nas mãos do poeta somente há uma carta.

Decifra-me senão te devoro.

Sobre a mesa posta sua única jogada.

Decifra-me senão te devoro.

São duas faces.

Decifra-me senão te devoro.

Uma única moeda.

Decifra-me senão te devoro.

Você confia na tua lanterna?

Decifra-me senão te devoro.

Caminharás por minhas trevas?

Decifra-me senão te devoro.

Rimado coração,

em mim tudo sangra.

Os versos,

um violão.

Meus sentimentos romperam a casca,

a poesia atingiu-me o germe.

Sou todo epiderme.

Nada mais por mim fala,

nem um único grito.

Toda poesia em mim cala.

Somente os versos se atrevem.

Poema escrito.

Decifra-me,

eu te imploro!

Autor: Francisco de Assis Dorneles

ChicosBandRabiscando
Enviado por ChicosBandRabiscando em 20/01/2019
Reeditado em 12/12/2019
Código do texto: T6555421
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.