Esfinge
Que ninguém ouse dominar o coração de um poeta!
Que ninguém ouse acusar-lhe que seja luz ou as trevas;
é preciso entender que a sanidade o acompanha,
que toda a loucura o assanha!
A poesia talha na pedra bruta os seus verbos.
Faz nascer do simples o complexo.
Assim é o poeta em seus versos.
Porque não existe poesia sem deserto,
tão pouco nasce o poeta sem um chamado.
É preciso pisar a areia e trilhar o caminho...
Fazer poesia é muito mais que estar sozinho!
Nas mãos do poeta somente há uma carta.
Decifra-me senão te devoro.
Sobre a mesa posta sua única jogada.
Decifra-me senão te devoro.
São duas faces.
Decifra-me senão te devoro.
Uma única moeda.
Decifra-me senão te devoro.
Você confia na tua lanterna?
Decifra-me senão te devoro.
Caminharás por minhas trevas?
Decifra-me senão te devoro.
Rimado coração,
em mim tudo sangra.
Os versos,
um violão.
Meus sentimentos romperam a casca,
a poesia atingiu-me o germe.
Sou todo epiderme.
Nada mais por mim fala,
nem um único grito.
Toda poesia em mim cala.
Somente os versos se atrevem.
Poema escrito.
Decifra-me,
eu te imploro!
Autor: Francisco de Assis Dorneles